Congresso Brasileiro de Mastologia

Dados do Trabalho


Título

OSTEOSSARCOMA EXTRAESQUELETICO DA MAMA APOS CARCINOMA DE MAMA:RELATO DE CASO

Introdução / Justificativa

Os sarcomas extraesquelético são muito raros e se caracterizam pelo surgimento de osteossarcoma na ausência de comprometimento ósseo, portanto um tumor de partes moles e pode ser induzido por radiação ionizante. O prognóstico é reservado, com altas taxas de recidiva e sobrevida mediana geralmente inferior a dois anos. Não existe tratamento padrão definido, sendo a cirurgia a principal modalidade, podendo ser realizada quimioterapia e radioterapia.
A ocorrência de sarcoma extraextraesquelético na mama é extremamente raro, com poucos casos relatados na literatura. E a ocorrência após um tratamento de carcinoma de mama é mais raro ainda. Do nosso melhor conhecimento não existe nenhum caso publicado na literatura desta associação.
Apresentamos um caso de osteosarcoma extraesquelético em uma paciente que havia sido tratada de um carcinoma de mama tipo não esspecial. Espera-se que este caso contribua com a literatura escassa sobre o tema.

Relato de caso

Paciente do sexo feminino aos 33 anos foi diagnosticada com carcinoma de mama direita tipo não especial,G2, Luminal híbrido (RE +, RP +, HER-2 +++), com estádio T4BNOMO IIIB. A tomografia de tórax, abdome e cintilografia óssea não evidenciaram doença metastática. A paciente foi tratada com quimioterapia neoadjuvante com quatro ciclos d e clicofosfamida e doxorrubicina a cada três semanas, seguida de 12 ciclos semanais de paclitaxel e trastuzumabe a cada três semanas. Após término da quimoterapia houve redução importante do tumor e a paciente submeteu-se a mastectomia com ressecção do CAP, linfadenectomia axilar nível 1 e 2, pois não houve identificação do linfonodo sentinela com utilização de dupla marcação. A mama foi reconstruída com prótese submuscular e retalho do músculo grande dorsal. Evoluiu no pós operatório sem intercorrências. O exame histopatológico final revelou somente carcinoma in situ residual, sem doença invasiva, e 23 linfonodos axilares livres de neoplasia. A paciente recebeu adjuvância com trastuzumabe até completar 18meses, goserelina três anos e letrozol. Também recebeu radioterapia adjuvante. De antecedentes a mãe teve câncer de mama. O teste multigênico para predisposição hereditária ao câncer foi negativo para mutações patogênicas ou provavelmente patogênicass.
Ficou em seguimento e seis anos após o diagnóstico do carcinoma de mama apresentou um osteossarcoma extraesquelético na mama direita medindo 4.3x1.2cm e o PET CT não mostrava doença a distância, somente a lesão restrita a mama com SUV de 11.2. Foi realizado ressecção com margem livres e a após reunião multidisciplinar foi optado somente por seguimento. Quatro meses depois apresentou recidiva sendo realizado ressecção da lesão incluindo dois arcos costais e retirada da prótese e reconstrução da parede torácica com tela de prolene. Evoluiu bem no pós operatório sem complicações. O histopatológico e exame imunoistoquímico revelou tratar-se de osteossarcoma extraesquelético, com margens livres, tumor mediu 2cm, G3, 14 mitoses/10 CGA. Seis meses após esta cirurgia paciente encontra-se sem evidência de doença em atividade do ponto de vista clínico e na ressonância magnética da mama. Foi decidido após reunião multidisciplinar e com compartilhamento com paciente não se realizar adjuvância com quimioterapia.
A paciente assinou consentimento para apresentação do caso e o estudo faz parte de um projeto aprovado pelo CEP da UESPI CAAE 30154720.0.0000.5209. Número parecer 4.311.835.

Discussão

O presente caso pode ser um osteossarcoma extraesquelético induzido por radiação no leito mamário, embora não se possa afirmar com certeza. O prognóstico destes tumores é reservado mesmo com tratamento multimodal com cirurgia, radioterapia e quimioterapia. Foi discutido a adjuvância com quimioterapia mas os benefícios são muito questionáveis na ausência de doença residual e mesmo após uma recidiva, optando-se com decisão compartilhada com a paciente realizar acompanhamento com exames de imagem e a paciente encontra-se sem evidência de doença seis meses após a última cirurgia , tempo ainda pequeno de seguimento.

Área

Mastologia

Instituições

oncocenter - Piauí - Brasil

Autores

SABAS CARLOS VIEIRA