Congresso Brasileiro de Mastologia

Dados do Trabalho


Título

SINALIZAÇAO PURINERGICA NO CANCER DE MAMA: MODULAÇAO IMUNE E INFLAMATORIA

Trabalho aprovado na Plataforma Brasil? Inserir número do CAAE.

09306919.5.0000.5564

Introdução

O sistema purinérgico é uma via de sinalização extracelular composta por nucleotídeos (ATP, ADP e AMP) e nucleosídeos extracelulares (adenosina), que podem ser hidrolisados e desaminados por enzimas ectonucleotidases (CD39, CD73, adenosina deaminase – ADA), e que se ligam a receptores de membrana específicos (famílias P1 de receptores de nucleotídeos, e P2 de receptores de adenosina). A interrelação dessas moléculas resulta em respostas fisiológicas como modulação imunológica e da resposta inflamatória em microambiente tecidual. O desequilíbrio final entre nucleotídeos e adenosina pode desencadear respostas que podem favorecer ou não o surgimento e/ou a progressão de uma neoplasia maligna. Além disso, sabe-se que o ATP extracelular aumentado nas pacientes possui função pró-inflamatória, participando na modulação purinérgica e na carcinogênese, e relacionando-se à diminuição da IL-4 (anti-inflamatória). 

Justificativa

Considerando essas modulações celulares, novas estratégias diagnósticas e terapêuticas podem ser desenvolvidas considerando a relação da sinalização purinérgica com a fisiopatologia do câncer de mama.

Objetivo

Avaliar a atividade enzimática de componentes do sistema purinérgico e o perfil de proteínas inflamatórias em amostras sanguíneas de indivíduos com câncer de mama e de indivíduos controle.

Métodos

Estudo transversal, de análise quantitativa, composto por 74 indivíduos organizados em grupo controle (N= 35) e grupo câncer de mama (N= 39). Foram avaliados a atividade enzimática das ectonucleotidases (CD39, CD73, ADA) em linfócitos e soro por métodos colorimétricos, a quantificação sérica de ATP extracelular por método fluorimétrico, e o perfil plasmático de citocinas e mediadores inflamatórios (IL-2, 4, 6, 10, TNF e INF-γ) por citometria de fluxo. A análise dos dados foi realizada utilizando teste de Mann Whitney e considerando significativos os resultados com valores de P<0,05. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFFS (CEP-UFFS), número do CAAE 09306919.5.0000.5564. 

Resultados

A hidrólise de AMP foi aumentada nos linfócitos do grupo câncer de mama em relação ao grupo controle (P=0,0107). A hidrólise de ADP (P=0,0006) foi aumentada no soro do grupo câncer de mama em relação aos controles, enquanto as hidrólises de ATP (P=0,0001) e AMP (P=0,0001) no soro mostraram-se diminuídas no grupo câncer de mama. A quantificação sérica de ATP extracelular foi aumentada no grupo câncer de mama comparado ao grupo controle (P=0,0002). Em relação às citocinas e mediadores inflamatórios, IL-2, IL4  e o TNF mostraram-se diminuídos no grupo câncer de mama em relação ao grupo controle (P=0,0013, P=0,0457 e P=0,0156, respectivamente). 

Conclusão

Foi possível identificar alterações na sinalização purinérgica em pacientes com câncer de mama, sugerindo o envolvimento dessa via de sinalização na fisiopatologia da doença. Já a hidrólise de AMP aumentada nos linfócitos das pacientes em relação aos controles resultou no aumento da adenosina extracelular associada a expressão diminuída de citocinas inflamatórias (IL-2 e TNF). Estes resultados podem orientar novos alvos terapêuticos para o câncer mama, como a utilização de imunoterapias com o bloqueio da enzima CD73, gerando um ambiente pró-inflamatório e com controle da imunossupressão.

Área

Mastologia

Instituições

Universidade Federal da Fronteira Sul - Santa Catarina - Brasil

Autores

ANA PAULA GERALDI NORBAH, EDUARDA VALCARENGHI, DÉBORA TAVARES DE RESENDE E SILVA, MARCELO MORENO, SARAH FRANCO VIEIRA DE OLIVEIRA MACIEL