Congresso Brasileiro de Mastologia

Dados do Trabalho


Título

MAIS ESCOLA, MENOS REMEDIO: AVALIAÇAO DA RELAÇAO ENTRE ESCOLARIDADE E ESTADIO DO CANCER DE MAMA NO DIAGNOSTICO INICIAL

Trabalho aprovado na Plataforma Brasil? Inserir número do CAAE.

Dados públicos do R.H.C., dispensa registro em C.E.P.

Introdução

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima-se para o triênio de 2023 a 2025, 74 mil cânceres de mama (10,5% do total de casos), o mais incidente principalmente nas Regiões com maior IDH. Deve-se considerar a relação entre o nível de conhecimento das mulheres e a adesão às práticas de rastreamento e detecção precoce, influenciando diretamente o momento do diagnóstico da doença e o prognóstico.  A baixa escolaridade, bem como, a menor renda são limitações para o acesso de informações pertinentes e de boa qualidade. A mortalidade é atenuada em curto prazo com melhorias de acesso à medidas diagnósticas e terapêuticas, no entanto, o incentivo à educação e melhora dos índices de escolaridade poderão auxiliar em longo prazo a formação de uma população que compreenda a importância do rastreamento do câncer de mama para diagnóstico em estágios iniciais resultando em tratamentos menos agressivos e melhor prognóstico.

Justificativa

A mortalidade e pior prognóstico estão intimamente envolvidos com os fatores socioeconômicos como pobreza, baixa escolaridade, residência na zona rural e, principalmente, falta de acesso aos serviços de saúde. Além disso, o estádio tardio irá implicar em um significativo aumento do custo com tratamentos, cirurgias e internações da paciente. Piorando a qualidade de vida e diminuindo a sobrevida. Outra observação de grande importância é a diferença entre tempo do intervalo entre diagnóstico e o inicio de tratamento de pacientes encaminhadas para tratamento de câncer nos hospitais do SUS e serviços privados. Pacientes encaminhadas a partir de serviços privados de saúde possuem maior escolaridade, iniciam mais rapidamente o tratamento e em estádios mais precoces, em comparação às pacientes diagnosticadas e encaminhadas pelo SUS e que geralmente possuem menos acesso à educação.

Objetivo

Avaliar a relação entre o grau de escolaridade e estadio inicial do câncer de mama em pacientes atendidos no setor de Mastologia do Hospital Ministro Costa Cavalcanti (HMCC) em Foz do Iguaçu entre os anos 2003 a 2020, e então, determinar a influência do grau de escolaridade no prognóstico das pacientes com câncer de mama.

Métodos

Avaliação retrospectiva dos dados do Registro Hospitalar de Câncer (RHC) da coorte de pacientes admitidas no Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) do Hospital Ministro Costa Cavalcanti com diagnóstico de câncer de mama entre os anos 2003 a 2020 (1694 pacientes). Foram excluídos os casos com informações insuficientes quanto à escolaridade ou estádio clínico resultando em 1106 pacientes. Utilizou-se dados públicos reportados anualmente ao INCa, dispensando assim, o termo de consentimento e registro ao comitê de ética e pesquisa.  Desta coorte foram coletados dados como: sexo, idade, naturalidade, escolaridade, estádio clínico e TNM.  Para fins de interpretação dos dados foram considerados escolaridade inadequada: sem escolaridade e fundamental incompleto; para escolaridade adequada: fundamental completo, ensino médio e ensino superior completo ou incompleto. Quanto ao estadiamento, foi considerado diagnóstico precoce os estadios: 0, I e II (713 pacientes), já o diagnóstico tardio os estádios: III e IV (393 pacientes).  Foi utilizado o teste do qui-quadrado de Pearson para se determinar o significado estatístico dos resultados. Avaliada também variação do percentual relativo do estadio inicial entre os casos por período de divulgação do IDEB (indice de desenvolvimento da educação básica) pelo site IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Resultados

Obteve-se uma amostra de 1106 pacientes onde o nível de escolaridade das pacientes era inadequada em 389 (35,2%) delas, e 717 (64,8%) apresentavam escolaridade adequada. Com relação ao estadiamento, 713 (64,5%) foram classificadas como estádio inicial e 393 (35,5%) como estádio avançado. Das pacientes em estágio inicial 218 (30,6%) pacientes possuíam escolaridade inadequada e 495 (69,4%) com escolaridade adequada. Do total dos pacientes em estádio avançado 171 (43,5%) participavam do grupo com escolaridade inadequada e 222 (56,5%). Ao avaliar os dados obtidos através do qui-quadrado de Pearson obteve-se uma significância de 0,01, rejeitando-se a hipótese nula e demonstrando a existência de associação estatisticamente significativa entre escolaridade e o estadiamento inicial das pacientes. Não foi identificada variação estatísticamente significante entre melhora do IDEB e aumento do percentual de casos em estadios iniciais.

Conclusão

Observou-se no presente estudo que o nível de escolaridade possui significativa influência sobre o prognóstico ao relacionar estádios mais avançados com pacientes de pouca escolaridade, refletindo então a importância da educação para o diagnóstico inicial, que irá influir nos gastos públicos com tratamentos, melhor qualidade de vida da paciente, melhora de sobrevida e redução dos índices de mortalidade pelo câncer de mama.

Área

Mastologia

Instituições

Hospital Ministro Costa Cavalcanti - Paraná - Brasil

Autores

ALEXANDRE VILLELA DE FREITAS , KATIELEN SOUZA FERREIRA, ARNALDO PERES CORTEZ JUNIOR, MARILIA SILVA SOUZA