Dados do Trabalho
Título
PERFIL DO ENSINO DA MASTOLOGIA NAS ESCOLAS MEDICAS PUBLICAS PAULISTAS
Introdução
O avanço da igualdade de gênero no Brasil trouxe atenção para a saúde da mulher, que representa 51,8% da população brasileira. Nesse sentido, as alterações mamárias devem ser destacadas, uma vez que atingem parcela importante dessa população, como se observa no caso da mastalgia, que pode estar presente em até dois terços das mulheres em idade reprodutiva, e no câncer de mama, neoplasia que mais atinge mulheres em todo o mundo, com aproximadamente 2,3 milhões de novos casos estimados em 2020, segundo a OMS. O manejo inadequado das queixas mamárias ainda pode refletir em outras esferas, como é o caso da mastite, uma das causas evitáveis mais frequentes de abandono da amamentação, fato associado ao aumento das taxas de mortalidade infantil. Assim, as queixas mamárias requerem uma abordagem cuidadosa, não apenas pelo incômodo, mas também pela possibilidade de quadros mais graves.
Justificativa
A abordagem adequada das queixas mamárias nos serviços de saúde é fundamental, dada a sua alta frequência e possibilidades de desfecho que, entre outros, pode incluir a neoplasia mais incidente em mulheres. Para garantir a promoção da saúde mamária, cabe à graduação de medicina oferecer um aprendizado sólido e bem estruturado em mastologia. Há, porém, uma escassez na literatura a respeito do ensino médico em mastologia, dificultando a sua análise.
Objetivo
Verificar a estrutura curricular do ensino em mastologia das instituições públicas de ensino médico no estado de São Paulo.
Métodos
Estudo descritivo, observacional e transversal, com levantamento das ementas das disciplinas de graduação das escolas médicas referentes à saúde mamária nas diversas abordagens curriculares. Para a coleta de dados, foram discriminadas as instituições públicas paulistas que dispõe do curso de Medicina e pesquisadas as respectivas ementas curriculares disponíveis para livre acesso na internet para a coleta dos dados, além de acesso através de resposta das instituições à carta-convite enviada por e-mail. Pesquisa realizada com auxílio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) - UNICAMP.
Resultados
O estudo obteve acesso às ementas de cinco das nove escolas médicas públicas do estado de São Paulo, disponíveis no ano de 2023. Em relação aos ambientes de ensino, todas as instituições ofereceram atividades em hospitais, três em Centro de Saúde e três em laboratório de simulação. Observou-se que o ensino em mastologia foi ministrado nos diferentes anos de curso de Medicina, conforme tabela 1 anexada, resumida abaixo:, em que cada letra corresponde a uma instituição: A- 1º, 3º, 4º e 6º ano B- 3º ao 6º ano C- 3º ao 5º nao D- 4º ano E- 2º ao 5º ano Quanto aos conteúdos ministrados, observou-se que, em áreas básicas, o ensino relacionado à mama esteve presente em apenas três das instituições estudadas. O ensino do exame clínico das mamas foi observado em apenas duas das instituições até o 3º ano. Das demais, duas escolas apresentaram, nas disciplinas de semiologia, o conceito “saúde da mulher” ou apenas a descrição “exame ginecológico/obstétrico”, sem especificação a respeito da avaliação mamária. Em uma dessas, o ensino da avaliação mamária foi descrito no 4º ano apenas. E ainda, na instituição restante, não houve menção quanto ao ensino em semiologia mamária, da mulher ou quaisquer termos semelhantes. Na tabela 2, demonstra-se os momentos em que o ensino em oncologia mamária foi mencionado, resumida abaixo: A e D - não mencionado B - 3º, 5º e 6º ano C - 3º e 4º ano E - 2º ao 5º ano Na instituição “A”, a única menção na ementa curricular próxima ao câncer de mama seria o item “doenças malignas de mama” em uma das disciplinas do 1º ano. Na ementa curricular da “D” não foi descrito, estando apenas o termo “doença mamária” no tópico de temas abordados em uma disciplina do 4º ano. Abaixo, segue resumo da tabela 3, com momentos em que o ensino de patologias mamárias, não câncer, foi citado: A- 3º ano B- 3º, 4º e 6º anos C- 5º ano D- 4º ano E- 3º ao 5º ano Ainda, a instituição “A” cita “Mastologia” em em um estágio no 6º ano, mas sem demais detalhes. A instituição “D” apresenta especificado o ensino na área apenas no 4º ano, porém descreve em outros momentos do curso o ensino em “saúde da mulher”. ***tabelas disponíveis no documento PDF anexado
Conclusão
A mastologia é uma área que lida com doenças de alta incidência no Brasil, sendo observada a preocupação com o seu ensino nas universidades públicas paulistas, onde cerca de 80% das instituições analisadas oferecem o ensino relacionado à mastologia em pelo menos 3 anos do curso de Medicina. No entanto, apenas 60% das escolas estudadas abordam o câncer de mama em suas ementas curriculares, muitas vezes usando termos vagos como "doenças mamárias" ou ensino em "saúde da mulher". Além disso, a pesquisa enfrentou restrições de acesso às ementas curriculares, pois algumas instituições não as disponibilizaram online nem responderam ao convite para participar do estudo, apesar de seu potencial avanço diante da escassez literária.
Área
Mastologia
Instituições
Universidade Estadual de Campinas - São Paulo - Brasil
Autores
RAÍSSA CABRAL PILI, CASSIO CARDOSO FILHO