Congresso Brasileiro de Mastologia

Dados do Trabalho


Título

ANALISE DA COBERTURA EPIDEMIOLOGICA DE MAMOGRAFIAS REALIZADAS DURANTE A PANDEMIA DO COVID-19 EM RELAÇAO AOS ANOS ANTERIORES E POSTERIORES

Introdução

O rastreamento e o diagnóstico precoce do câncer de mama são imprescindíveis para selecionar a terapêutica adequada para cada paciente de acordo com a Organização Mundial da Saúde. No Brasil, as diretrizes para o rastreio e detecção precoce dessa neoplasia são bem estabelecidas, mas enfrentam desafios para a sua execução e, assim, o câncer de mama continua sendo a principal causa de morte por câncer em mulheres no país. Além disso, no início de 2020, foi declarada a pandemia do coronavírus, dificultando ainda mais a abordagem do câncer de mama durante o período.

Justificativa

No Brasil, mais de 150 milhões de pessoas, ou 70% da população, dependem do Sistema Único de Saúde (SUS). Em uma realidade de pandemia, em que a prioridade de cuidados de saúde foi destinada a tratar os casos graves de COVID-19, questiona-se a atenção dada ao câncer de mama. Nesse aspecto, a análise epidemiológica pretende interrogar a gestão do sistema durante situações diferentes, como a pandemia.

Objetivo

Descrever e analisar o cenário do rastreamento para câncer de mama no Brasil e a mortalidade específica por essa doença, entre janeiro de 2020 a dezembro de 2022, comparando com os dados dos anos imediatamente anteriores à pandemia (2017 a 2019).

Métodos

Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo, utilizando como base de dados a plataforma pública do sistema TABNET, dispobilizado no DATASUS. Foram coletados dados referentes ao número de mamografias de rastreamento realizadas no período de janeiro de 2020 a dezembro de 2022, o número de internações por câncer de mama e o total de óbitos por essa neoplasia no mesmo período.

Resultados

O número de mamografias de rastreamento realizadas nos anos de 2020 a 2022 foi de 6.259.243, o que representou um decréscimo de 14,4% em comparação ao número de mamografias de rastreamento realizadas nos anos de 2017 a 2019 (7.317.700). Considerando estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) de cerca de 60 casos de câncer de mama para cada 100 mil mamografias realizadas, aproximadamente 635 casos de câncer de mama deixaram de ser diagnosticados no período.  Entre os anos de 2020 a 2022, houve 213.710 internações por câncer de mama, ocorrendo um aumento de 3,6%  (206226) quando comparado aos anos de 2017 a 2019. Já o número de óbitos registrados por câncer de mama de 2020 a 2021 foi de 36393, o que corresponde à mortalidade por câncer de mama no período imediatamente anterior à pandemia: 2018 a 2019 (36059 óbitos). Os dados de mortalidade específica por câncer de mama em 2022 não encontravam-se disponíveis.  

Conclusão

A análise epidemiológica demonstra que a pandemia do COVID-19 impactou negativamente no rastreio e no diagnóstico precoce do câncer de mama, ainda mais no ano de 2020. Estratégias de conscientização populacional e o movimento "Outubro Rosa" podem ter contribuído para que a diferença em números absolutos não fosse tão discrepante. Por outro lado, observamos nos dados um aumento do número de mamografias de rastreamento no ano de 2022, possivelmente levando a um atraso no diagnóstico de neoplasia maligna da mama no Brasil nos anos da pandemia. Ademais, Estudos futuros podem medir os danos causados pela pandemia, no que se refere ao tratamento e ao prognóstico, em decorrência do atraso nos exames e diagnóstico.

Área

Mastologia

Instituições

Universidade Nove de Julho - São Paulo - Brasil

Autores

JÚLIA PEREIRA FERNANDES, GEOVANA SOUZA AMORIM, MARIANA MUZA, DANIELE COELHO DUARTE, MARIA APARECIDA DOS SANTOS TRAVERZIM