Dados do Trabalho
Título
IMPACTO DA DISPARIDADE DE ACESSO A TERAPIAS ANTI-HER NA QUIMIOTERAPIA NEOADJUVANTE PARA TRATAMENTO DO CANCER DE MAMA HER-2+: UMA ANALISE DE PROGNOSTICO BASEADA EM DADOS DE VIDA REAL ENTRE SISTEMAS PUBLICO E PRIVADO NO BRASIL.
Trabalho aprovado na Plataforma Brasil? Inserir número do CAAE.
SIM 64633422.4.0000.5463
Introdução
A quimioterapia neoadjuvante desempenha um papel crucial no tratamento do câncer de mama, e a utilização das terapias anti-HER tem se destacado como uma estratégia terapêutica promissora nesse contexto. O uso do Trastuzumabe e do Pertuzumabe aumentam as taxas de resposta patológica completa (pCR) e já se sabe da associação de pCR com aumento de sobrevida global (OS) e sobrevida livre de doença (DFS). No Brasil o acesso no sistema único de saúde a essas medicações é escasso, e no sistema de saúde privado o acesso é bem mais amplo.
Justificativa
Este estudo propõe uma análise comparativa entre o cenário público e privado, utilizando dados de vida real para avaliar como essa disparidade pode afetar os resultados clínicos. Compreender a extensão dessa disparidade é essencial para aprimorar a equidade no tratamento oncológico e garantir que todos os pacientes possam usufruir dos avanços terapêuticos de forma igualitária. Ao lançar luz sobre essa questão, esperamos contribuir para uma melhoria significativa nos cuidados oncológicos e, consequentemente, na qualidade de vida dos pacientes.
Objetivo
O objetivo geral desse estudo é comparar a taxa de resposta patológica completa em pacientes com câncer de mama HER-2 + e que foram tratadas com quimioterapia neoadjuvante em um serviço publico e um privado no Estado de São Paulo e o objetivo secundário e avaliar a sobrevida global e sobrevida livre de doença associado ao uso de Trastuzumabe.
Métodos
Estudo retrospectivo, tipo coorte multicêntrico, com pacientes do sexo feminino acima de 18 anos, com diagnóstico de CM não metastático HER-2 positivas, submetidas a NAC. O estudo foi conduzido no Hospital Pérola Byington (PEROLA) um hospital com atendimento Sistema Único de Saúde e o Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) um hospital que atende funcionário públicos do Estado de São Paulo, dessa forma um hospital privado. Foi considerado pCR como sendo ausência de tumor residual invasivo ou in situ na mama e na axila. Por se tratar de um estudo de vida real (RWD) exploratório, não foi estabelecido nenhuma hipótese confirmatória, sendo assim, não necessário o uso de correções para comparações múltiplas. A sobrevida global (SG) e a sobrevida livre de doença (SLD) foram estimadas pelo método de Kaplan-Meier calculados em cinco anos. O estudo foi submetido e aprovado aos Comitê de Ética em Pesquisa das duas instituições e protocolado na plataforma Brasil com números de aprovação (CAAE 64633422.4.0000.5463) O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi dispensado por se tratar de estudo retrospectivo, e a confidencialidade e a integridade dos dados dos prontuários foram preservados.
Resultados
No período de 2011 a 2020 foram tratadas com NAC 1601 pacientes do PEROLA e 290 pacientes no HSPE, dessas no PEROLA 381 (23,6%) eram HER-2+ e no HSPE 78 (26,8%) com diferença significante (p <0,001). As pacientes com receptor hormonal positivo e HER-2+ (RH+/HER-2+), no PEROLA foram 189 (49,6%) e no HSPE 41(52,5%). Dessas pacientes, no PEROLA, 49 (26,2%) pacientes HER-2+ obtiveram pCR e no HSPE a pCR ocorreu em 15 (40,5%) pacientes, com diferença significante (p < 0,001), já nas pacientes RH+/HER-2+ no PEROLA 43 (22,7%) e no HSPE 10 (24,3%) apresentaram pCR sem diferença significante (p = 0,945). O acesso ao Trastuzumabe foi maior no HSPE que no PEROLA (83,4% x 60,0% p < 0,001). A taxa de pCR nas pacientes que fizeram uso de Trastuzumabe foi significantemente maior nas duas instituições, PEROLA (54,3% x 26,4% p < 0,0001) e no HSPE (52,7% x 26,4% p < 0,001). A SG das pacientes HER-2+ com pCR no HSPE foi maior que no PEROLA com diferença significante (92% x 65% log rank p< 0,001) e a DFS também foi superior no HSPE com diferença significante (94% x 67% com log rank p < 0,001).
Conclusão
Nossos resultados revelam uma disparidade significativa no acesso à quimioterapia neoadjuvante e ao Trastuzumabe entre o sistema público e privado de saúde no tratamento do câncer de mama HER-2+. Essa diferença pode afetar negativamente os resultados clínicos e a sobrevida das pacientes, destacando a necessidade de medidas para garantir a equidade no tratamento oncológico. Buscar soluções para essa questão é crucial para melhorar os cuidados oncológicos e a qualidade de vida das pacientes.
Área
Mastologia
Instituições
Hospital do Servidor Público Estadual - São Paulo - Brasil, Hospital Pérola Byington - São Paulo - Brasil
Autores
MARCELO ANTONINI, ANDRE MATTAR, LUIZ HENRIQUE GEBRIM, REGINALDO GUEDES COELHO LOPES, JULIANA MONTE REAL