Dados do Trabalho

Título

IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19 NO RASTREAMENTO MAMOGRAFICO NA REGIAO DE CATANDUVA

Trabalho aprovado na Plataforma Brasil? Inserir número do CAAE.

63713922.4.0000.5430

Introdução

O câncer de mama é a primeira causa de morte por câncer em mulheres no Brasil. O rastreamento mamográfico organizado é a melhor estratégia adotada para a detecção precoce do câncer de mama. A mamografia detecta a doença em estádio inicial permitindo um tratamento menos agressivo, mais eficaz e com maior sobrevida. A pandemia de COVID-19 trouxe impacto negativo nos programas de rastreamento porém poucos estudos calcularam este efeito.

Justificativa

Conhecer o real impacto da pandemia de COVID-19 sobre o rastreamento mamográfico nos municípios da microrregião de Catanduva/SP entre o período de 2017 até 2023. Classificamos os exames realizados por faixa etária, por municipio e, também os laudos classificados como BI-RADS 0, 3, 4 e 5. Esta análise permitiu construir um panorama da saúde mamária nesta população mostrando as particularidades da região.

Objetivo

Nosso objetivo principal foi identificar o número de mulheres classificadas pela faixa etária e municipio de origem que aderiram ao rastreamento mamografico realizado pelo SUS no período de 2017 a 2023. Identificar o número de exames mamográficos classificados como BI-RADS 0, 3, 4 e 5 durante este período. Calcular o impacto da pandemia de COVID-19  no rastreamento mamográfico nesta população.

Métodos

Foi realizado um estudo observacional do tipo transversal envolvendo 142.004 exames de mamografia realizados exclusivamente pelo SUS entre janeiro de 2017 a 30/06/2023. Estes exames foram realizados  em três aparelhos de mamografia (2 localizados em Catanduva (AME e Faculdade de Medicina) e 1 localizado em Novo Horizonte (Centro de Saúde da Mulher). Todos os exames foram realizados tinham pelo menos 2 incidências (crânio-caudal e médio lateral oblíqua). Os exames foram laudados seguindo o padrão do Sistema de Informação Ambulatorial do Sistema Único de Saúde (SIA/SUS/SISMAMA). Através deste laudo identificamos a data de realização, idade da paciente, municipio de origem e classificação BI-RADS de cada mama (lateralidade). Os municipio foram classificados de acordo com a população geral: menores de 10.000 habitantes e maiores de 10.000 habitantes. As pacientes foram classificadas em grupos etários assim descritos: 40-49 anos, 50-59 anos, 60-69 anos e > 70 anos. Somente foram considerados os exames do programa de rastreamento organizado. Todas estas informações foram separadas, categorizadas e analisadas com auxílio do software de estatística R.

Resultados

Foram analisados os laudos de 142.004 exames de mamografia. Construimos uma série de indicadores descritivos utilizando a base do censo demográfico de 2022 para cálculo do percentual populacional ana a ano para cada município. O percentual de pacientes que aderiram ao programa de rastreamento mamográfico na microrregião de Catanduva oscilou com valor médio de  84% (2018, ano com maior adesão) até 23% (2021, ano com menor adesão). Os municípios com menos de 10.000 habitantes, apresentaram taxas melhores de adesão ao programa oscilando no período de pré-pandemia de 86% para 34% (2021). Os municípios com populacao maior de 10.000 habitantes apresentaram comportamento parecido entre si com taxa de adesão pré-pandemia de 72% caindo para 19% (2021). A adesão ao rastreamento mamográfico avaliado por faixa etária: 40-49 anos, 50-59 anos, 60-69 anos e > 70 anos mostrou-se bem irregular ao longo da série histórica, porém na média a faixa etária com maior adesão foi a dos 50-59 anos. Houve maior uniformidade etária nos municípios menores (71%). Mulheres com > 70 anos apresentaram participação crescente ao longo dos anos, exceto durante o período da pandemia, onde esta faixa etária de pacientes foi a que menos realizou o exame. Pós pandemia todos os municípios apresentaram aumento no número de exames em todas as faixas etárias. Ao analisar os resuldados dos exames baseados pela classificação BI-RADS encontramos: os exames classificados com BI-RADS 0, provocando recall precoce para complementação com outro método de imagem (ultrasom, por exemplo), variando de 61/1000 exames em (2017) para 139/1000 exames em 2023. Nos exames classificados com BI-RADS 4  a taxa de detecção oscilou de 7/1000 exames em 2017 para 13/1000 exames em 2023. Nos exames classificados como BI-RADS 5, a taxa de detecção variou de 4/1000 exames em 2017  para 11/1000 exames em 2023. Exames classificados como BI-RADS 3, que provocaram reconvocação em intervalo de 6 meses,  oscilaram de 25/1000 exames em 2017 para 57/1000 exames em 2023.  

Conclusão

A adesão ao rastreamento mamográfico tem aumentado anualmente em todas as faixas etária, porém mais significativamente no grupo entre 40-49 anos e > 70 anos. Observamos nesta série histórica aumento no número de exames mamográficos alterados na faixa etária 40-49 anos e aumento  no número de mulheres > 70 anos que realizam mamografia. O efeito da pandemia de COVID-19 mostrou aumento no número de exames alterados nos anos de 2022 e 2023 e reduziu a adesao populacional ao programa em todos os grupos etários, principalmente nas mulheres >70 anos.