Congresso Brasileiro de Mastologia

Dados do Trabalho


Título

CARDIOTOXICIDADE SUBCLINICA E FATORES DE RISCO DE DOENÇA CARDIOVASCULAR EM MULHERES SOBREVIVENTES DO CANCER DE MAMA TRATADAS COM ANTRACICLINA E/OU TRASTUZUMABE.

Trabalho aprovado na Plataforma Brasil? Inserir número do CAAE.

16216819.4.0000.8069

Introdução

Avanços na detecção precoce e no tratamento aumentaram a sobrevida de pacientes com câncer de mama. Entretanto, as doenças cardiovasculares são responsáveis por considerável morbimortalidade no grupo de sobreviventes. Neste contexto, a disfunção ventricular esquerda subclínica destaca-se como uma das complicações cardíacas mais comuns após a administração de drogas como a antraciclina e o trastuzumabe.   A incidência de doença cardiovascular (DCV) induzida pelo tratamento oncológico depende de características do paciente e  do tratamento administrado. O ecocardiograma é o método de escolha na detecção da disfunção ventricular relacionada ao tratamento oncológico. Mais recentemente, foi incorporado o estudo da função da deformação miocárdica.  A análise do strain bidimensional longitudinal do ventrículo esquerdo (VE) é capaz de predizer a queda da fração de ejeção.

Justificativa

O rastreamento e o diagnóstico precoce da disfunção ventricular esquerda podem direcionar a adoção de medidas de controle dos fatores de risco modificáveis e a introdução da terapêutica farmacológica cardioprotetora.

Objetivo

Identificar cardiotoxicidade subclínica e a presença de fatores de risco para doença cardiovascular em mulheres sobreviventes ao câncer de mama tratadas com antraciclina e ou trastuzumabe.

Métodos

Trata-se de  um estudo piloto, observacional e transversal onde 51 mulheres sobreviventes do câncer de mama e cujo tempo decorrido da última quimioterapia até o recrutamento do estudo foi de 1 a 5 anos, foram entrevistadas e rastreadas através do ecocardiograma com strain.  Como parâmetros ecocardiográficos pesquisou-se a fração de ejeção biplanar (FE) e o strain longitudinal global (GLS). As pacientes foram dicotomizadas de acordo com o tratamento instituído. 

Resultados

A idade média das pacientes foi 55,2 anos. Hipertensão e dislipidemia foram referidas em 37,2% e 43,1% da amostra, respectivamente. Diabetes foi reportado por 13,7%. O índice massa corpórea (IMC)  médio foi de 27,2 kg/ m2, sendo que 33 (64,7%) mulheres atingiram pontuação que as classificou com sobrepeso ou obesidade. Em relação as medidas do ecocardiograma na amostra, a fração de ejeção calculada pelo método de Simpson esteve preservada em todas as participantes, com uma mediana de 66%. A cardiotoxicidade subclínica, considerando a recomendação do Posicionamento Brasileiro sobre o uso de Multimodalidade de Imagens na Cardio-oncologia (2021), foi diagnosticada em 7 (13,7%) mulheres. Das 7 pacientes que apresentaram cardiotoxicidade, seis tinham sido tratadas com protocolo contendo antraciclina e apenas uma com esquema contendo trastuzumabe.

Conclusão

O estudo evidenciou que um percentual elevado de mulheres sobreviventes do câncer de mama apresenta um ou mais fatores de risco para doença cardiovascular e a  cardiotoxicidade subclínica foi identificada em 13,7% da amostra. Os achados sugerem a necessidade de adoção de  estratégias diferenciadas neste subgrupo.

Área

Mastologia

Instituições

CPO-Oncoclínicas - Paraíba - Brasil, FMUSP - São Paulo - Brasil, UFPB - Paraíba - Brasil

Autores

ADRIANA DE FREITAS TORRES, RICARDO ANDRE MEDEIROS NEGREIROS, JULIANA GOES MARTINS FAGUNDES, MARCELO DANTAS TAVARES MELO, ROBERTO KALIL FILHO