Congresso Brasileiro de Mastologia

Dados do Trabalho


Título

AVALIAÇAO DE DESFECHOS CLINICOS PARA CANCER DE MAMA - HOSPITAL REFERENCIA EM ONCOLOGIA- BENTO GONÇALVES - RS

Introdução

O câncer de mama é a principal neoplasia maligna, excetuando-se câncer de pele não melanoma, no sexo feminino no mundo.No Brasil para o triênio de 2023-2025 o Instituto Nacional do Câncer estima que 73.610 novos casos sejam diagnosticados ao ano, sendo a maior causa de morte por câncer na população feminina brasileira.Após o tratamento cirúrgico podem persistir sintomas como dor crônica, parestesias, comprometimento funcional e linfedema que afetam a qualidade de vida e interfem na autoestima, vida sexual, social e inclusive laboral dos pacientes.O acompanhamento da qualidade de vida dos pacientes afetados após o tratamento é essencial para avaliar o custo social da doença, sendo que as ações de reabilitação e apoio psicológico tem importante contribuição para o sucesso do tratamento.O Hospital Tacchini participa do Programa de Desfechos Clínicos da ANAHP desde 2018 e em 2021 foi incorporado o acompanhamento dos casos de câncer de mama

Justificativa

Existem poucos estudos que avaliem a qualidade de vida enquanto desfecho clínico, por meio da percepção do paciente com instrumentos internacionais que tenham validação em língua portuguesa e possam ser comparados.

Objetivo

Conhecer o perfil epidemiológico e os desfechos clínicos utilizando scores padronizados internacionalmente dos pacientes com câncer de mama, tratados e acompanhados no período analisado.

Métodos

Os dados foram obtidos por revisão dos prontuários e pesquisa ativa por contato telefônico com os pacientes.A partir de janeiro de 2021 até dezembro de 2022 foram acompanhados 108 pacientes.Critérios de inclusão: pacientes de ambos os sexos, maiores de 18 anos, portadores de câncer de mama invasivo(estádio I – IV) e carcinoma ductal in situ, com primeiro tratamento no serviço de oncologia nas abordagens cirúrgica(conservadora e mastectomia), radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e/ou terapia alvo.A avaliação de qualidade de vida foi realizada utilizando dois instrumentos validados para língua portuguesa:“European Organization for Research and Treatment of Cancer Quality of Life Questionnaire Core 30"(EORTV QLQC 30) e o Score Breast Q.Será apresentada análise descritiva dos casos e respectivos desfechos tendo por base a aplicação dos instrumentos de qualidade de vida.

Resultados

Dos 108 pacientes acompanhados no período, 100% tiveram seguimento em 1 ano, sendo destes pacientes apenas 4,6% necessitaram de reinternação.Destes pacientes, 105 são do sexo feminino e 3 do sexo masculino.A faixa etária mais acometida é a de 60 a 69 anos(27%) seguido pelo grupo de 50 a 59 anos(23%).Os casos abaixo de 50 anos contribuíram com 29% do conjunto de casos, reforçando a importância do rastreamento a partir dos 40 anos.Foi possível recuperar nos prontuários, o estádio patológico de 86 pacientes.Destes, 84 são mulheres e 2 são homens.Entre as mulheres 53,6% apresentaram estádio patológico I, 29,8% estádio II, 4,8% estádio III e 3,6% estádio IV.Os casos masculinos possuíam idade entre 30 e 69 anos.Os casos sem estádio patológico, mas para os quais temos o estádio clínico representaram 18 casos dos quais 61,1% destes enquadrados no Estádio Clínico II e 16,7% estádio III.Não foi possível recuperar o estadiamento clínico ou patológicos em 3 casos (2,7%).Em relação aos desfechos clínicos mensurados pelo score EORTC QLQ-C30(saúde geral) observou-se quanto a percepção do paciente na sua capacidade em desenvolver atividades diárias redução de 4,4%(de 83,7% no primeiro contato pré-tratamento para 79,3% no ano após o tratamento).O score EORTC QLQ-C30(sintomas) observa-se um aumento na percepção dos sintomas após um ano de tratamento oncológico de 2,7(13,8% para 16,5%), após um ano do início do tratamento.Para o score EORTC QLQ-BR23(efeitos colaterais da terapia sistêmica), observou-se um aumento de 6,1%(de 14,3% para 20,4%) após um ano do início do tratamento.No que tange ao score EORTC QLQ-BR23 quanto a capacidade funcional do paciente no início do tratamento com 06 meses após, observa-se uma redução de na capacidade funcional de 6,6%(de 64,9% para 58,3%).No entanto, na comparação entre 06 meses após o início do tratamento e um ano após o tratamento, observa-se um aumento de 58,3% para 66%.De modo geral, avaliando do início do tratamento em comparação a 01 ano, observa-se aumento na capacidade funcional de 1,4% (64,9 para 66%). Na comparação geral com o conjunto dos outros hospitais privados os resultados são próximos, mas a recuperação da qualidade de vida é maior após 1 ano de tratamento.

Conclusão

A análise demonstra comprometimento da qualidade de vida nos pacientes submetidos a todos os tipos de tratamento, inclusive com comprometimento das atividades da vida diária após um ano de seguimento. Esses achados reforçam a necessidade de investimento adicional na intensidade das atividades de reabilitação imediata após os procedimentos terapêuticos e apoio médico e psicológico nos primeiros seis meses após tratamento.

Área

Mastologia

Instituições

Hospital Tacchini - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

ALINE VALDUGA, DENISE SCHOUT, FERNANDA INVERNIZZI, GABRIELA GEREMIA, GABRIELA VINOSKI GONÇALVES