Dados do Trabalho
Título
AVALIAÇAO DA FUNÇAO SEXUAL EM MULHERES NA POS-MENOPAUSA TRATADAS DE CANCER DE MAMA
Trabalho aprovado na Plataforma Brasil? Inserir número do CAAE.
CAAE: 57897722.3.0000.5411
Introdução
O câncer de mama é a neoplasia mais frequente entre as mulheres em todo o mundo, tanto em países em desenvolvimento quanto em países desenvolvidos.O câncer de mama é fator de risco para disfunção sexual, podendo estar associado ao próprio diagnóstico ou aos tratamentos oncológicos. Diante das várias barreiras presentes entre o diagnóstico de câncer de mama, passando pelo tratamento e pelas consequências na função sexual, a avaliação das possíveis disfunções sexuais em mulheres tratadas de câncer de mama se faz necessária.
Justificativa
A função sexual representa desafios para a vida social, mental, emocional e bem-estar físico e, no câncer é um indicador importante de qualidade de vida tanto em pessoas em tratamento quanto naquelas que sobreviveram à doença. A disfunção sexual pode ocorrer como resultado natural no câncer, bem como a doença pode afetar as vias mecânicas ou hormonais na função sexual, resultante do tratamento, como cirurgia, quimioterapia ou radioterapia que podem ter efeitos locais ou sistêmicos. A disfunção sexual após o câncer está se tornando uma questão cada vez mais importante a ser enfrentada. E apesar da elevada prevalência de impactos negativos para a saúde sexual em mulheres tratadas para câncer de mama, as estimativas são de que menos da metade buscará e/ou receberá avaliação médica. Por vários motivos as mulheres não conversam com seus oncologistas, e estes podem não ter formação, conhecimento ou nível de conforto para se envolver em discussões sobre saúde sexual. Portanto, a disfunção sexual é frequentemente uma queixa médica não atendida. Assim, nossa hipótese é que mulheres na pós-menopausa tratadas de câncer de mama possuem maior prevalência de disfunção sexual quando comparadas às mulheres com a mesma idade sem câncer de mama.
Objetivo
Avaliar a ocorrência da disfunção sexual em mulheres na pós-menopausa tratadas de câncer de mama, bem como o impacto dos tratamentos oncológicos nestas pacientes comparadas às mulheres sem câncer de mama.
Métodos
Realizou-se estudo clínico de corte transversal. No grupo de estudo foram incluídas 178 mulheres com diagnóstico histológico de câncer de mama há pelo menos 12 meses, estádios I a III, idade entre 45-70 anos, em amenorreia ≥ 12 meses e sexualmente ativas. O grupo controle foi constituído de 178 mulheres com os mesmos critérios de inclusão, sem câncer de mama. Os grupos foram pareados por idade e tempo de menopausa e comparados na proporção de 1:1. Por meio de entrevista foram coletados dados clínicos e antropométricos [índice de massa corpórea (IMC) e circunferência da cintura (CC)]. Para avaliação da função sexual foi empregado questionário validado para a língua portuguesa, o Índice de Função Sexual Feminina (FSFI), com os domínios: desejo, excitação, lubrificação, orgasmo, satisfação e dor (escore total ≤ 26.5 indica disfunção sexual). Para análise estatística foram empregados o teste t-student, a Distribuição Gama (variáveis assimétricas), o teste do Qui-quadrado e a regressão logística (odds ratio-OR).
Resultados
A média da idade das participantes no grupo câncer de mama foi de 55.6±6.3 anos e no grupo controle de 54.9±5.7 anos, com tempo de menopausa de 7.1±5.5 anos e 6.6±5.6 anos, respectivamente (p>0.05). Mulheres com câncer de mama apresentaram maior valor médio de CC quando comparadas ao controle (91.1cm x 86.7cm, respectivamente, p=0.0002). Na avaliação dos domínios da função sexual pelo FSFI, mulheres com câncer de mama apresentaram pior função sexual em relação ao domínio desejo (p=0.002). Nos demais domínios (excitação, lubrificação, orgasmo e satisfação) e no escore total não houve diferenças significativas entre os grupos (p>0.05). Mulheres com câncer de mama apresentaram maior ocorrência de disfunção sexual (64.6% com escore total ≤ 26.5 no FSFI) quando comparadas ao grupo controle (51.6%) (p=0.010). Na análise de risco ajustado para idade, tempo de menopausa e IMC, mulheres com câncer de mama apresentaram maior risco para disfunção sexual em relação às mulheres sem câncer (OR 1.98, CI 95% 1.29-2.96, p=0.007). E entre as mulheres com câncer de mama, o uso de terapia endócrina associou-se ao maior risco de disfunção sexual (OR 3.46, CI 95% 1.59-7.51, p=0.002).
Conclusão
Mulheres na pós-menopausa tratadas de câncer de mama apresentaram maior risco para disfunção sexual quando comparadas a mulheres sem câncer de mama, impactado pelo uso da terapia endócrina adjuvante no tratamento do câncer de mama.
Área
Mastologia
Instituições
FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU - UNESP - São Paulo - Brasil
Autores
CAROLINE NAKANO VITORINO, RAFAELA CAROLINE SOUZA, MICHELLE SAKO OMODEI, HELOISA DE LUCA VESPOLI, ELIANA AGUIAR PETRI NAHAS