Dados do Trabalho
Título
RETALHOS MICROCIRURGICOS DE MEMBROS INFERIORES PARA RECONSTRUÇAO DE MAMA
Introdução / Justificativa
Embora a reconstrução com implantes seja uma boa escolha para muitas pacientes, a utilização de tecido autólogo é frequentemente necessária ou considerada a melhor opção para a paciente. As vantagens da reconstrução com tecido autólogo são numerosas. Da perspectiva da paciente, oferece resultados naturais e estáveis a longo prazo. Estudos recentes têm apresentado resultados significativamente superiores em relação ao índice de satisfação, bem-estar psicossocial e sexual na reconstrução com tecido autólogo em comparação com a reconstrução com aloplásticos.
Quando a paciente não tem tecido abdominal suficiente para a realização do retalho DIEP (deep inferior epigastric perforator), áreas doadoras secundárias podem ser consideradas. Retalhos da região medial e lateral das coxas, região glútea e lombar surgiram como alternativas ao DIEP.
Relato de caso
Caso 1
Paciente A.P.B.R.O., sexo feminino, 52 anos. Histórico de câncer de mama à direita em 2017, na época submetida à adenomastectomia direita e reconstrução com implante, e simetrização contalateral com mastopexia e implante. Evoluiu com contratura capsular na mama direita após a radioterapia. Foi submetida, então, à reconstrução com retalho de músculo grande dorsal e troca do implante em mama direita. Em 2021 foi indicado adenomastectomia profilatica à esquerda. A paciente manifestou o desejo de retirar o implante das mamas e reconstruir com tecido autólogo. Optado por reconstrução em dois tempos com retalho LTP. Em setembro de 2021, foi submetida à adenomastectomia e reconstrução da mama esquerda, com retalho pesando cerca de 530 g. Em janeiro de 2022 foi realizada a reconstrução de mama direita com retirada de implante e retalho LTP pesando cerca de 510 g. Em maio de 2022 foi submetida a exérese das ilhas cutâneas de monitorização dos retalhos microcirúrgicos e lipoenxertia de 40 ml em mama direita. Em junho de 2023 foi submetida a nova lipoenxertia (cerca de 200 ml), lipoaspiração das coxas e refinamentos de cicatriz.
Caso 2
Paciente E.G.F., sexo feminino, 48 anos, com história de câncer de mama à direita. Em agosto de 2022 foi submetida a adenomastectomia bilateral com reconstrução imediata com retalho LTP bilateral. Os dois retalhos pesaram aproximadamente 330g. Em abril de 2023 foi submetida a exérese de ilhas cutâneas dos retalhos microcirúrgicos, lipoaspiração em culotes e refinamentos de cicatriz.
Caso 3
Paciente C.R.C., sexo feminino, 53 anos, com história de câncer de mama à esquerda. Em 2020 foi submetida à adenomastectomia esquerda e reconstrução imediata com implante. Após um ano, realizou a simetrizarão mamária direita. Devido ao pobre resultado estético e dores crônicas, procurou nosso serviço para uma segunda opinião. Como a paciente tinha abdominoplastia prévia, sugerimos reconstrução com retalho PAP. A paciente era praticante de remo e não aceitava a reconstrução com retalho do músculo grande dorsal pelo risco de prejuízo funcional. Observamos que o tecido da coxa unilateral não daria volume adequado para a mama em comparação com a contralateral, portanto optamos por realizar retalhos bilaterais empilhados em maio de 2022. Os retalhos pesaram 294 g do lado esquerdo e 336 g do lado direito, totalizando 4 anastomoses no tórax esquerdo, utilizando os vasos anterógrados para um dos retalhos e os vasos retrógrados para o segundo retalho. Em novembro de 2022, foi submetida à mastopexia direita para simetrização, lipoenxertia de 30 ml em mama esquerda e refinamentos da cicatriz.
Discussão
Retalhos baseados na coxa cresceram em popularidade e recentemente têm ultrapassado o glúteo como local doador mais apropriado quando o abdome não tem tecido suficiente disponível. Além disso, a coxa serve como um local doador auxiliar muito útil quando são necessários retalhos empilhados para complementar o volume de um retalho abdominal.
O retalho PAP foi introduzido pela primeira vez para reconstrução de mama em 2010. As vatagens incluem uma anatomia confiável e consistente dos vasos perfurantes, um bom comprimento do pedículo, ausência de dano muscular quando comparado ao retalho TUG e cicatriz escondida no sulco glúteo. As principais desvantagens são a possibilidade de deformidades de contorno da parte interna e posterior da coxa, e a limitada quantidade de tecido que pode ser colhida com segurança.
O retalho LTP visa aproveitar o excesso de tecido na região dos “culotes” e foi relatado para reconstrução de mama em 1998. Dentre as vantagens oferecidas pelo retalho LTP na reconstrução da mama, podemos citar o fato de ser um retalho perfurante septocutâneo que não requer retirada de porção muscular, diminuindo a morbidade do local doador. Além disso, em pacientes selecionados com uma distribuição de gordura nos “culotes”, pode melhorar o contorno corporal nessa área. As desvantagens incluem um menor comprimento do pedículo e uma cicatriz visível na lateral da coxa e uma ilha cutânea relativamente estreita
Área
Mastologia
Instituições
IBCC Oncologia - São Paulo - Brasil
Autores
WASHINGTON LIMA, MILTON LIMA FERNANDES NETO