Dados do Trabalho
Título
MASTITE NECROTIZANTE EM LACTANTE: RELATO DE CASO
Introdução / Justificativa
Mastite necrotizante é uma infecção grave do tecido mamário que geralmente ocorre em mulheres no período puerperal, logo após o parto. Essa condição é caracterizada pela presença de necrose tecidual, inflamação e infecção bacteriana. Apesar de ser uma enfermidade relativamente rara na prática clínica, uma mastite necrotizante pode ter consequências diversas se não for bem tratada. Geralmente ocorre em puerpério tardio ou durante a amamentação, embora também ocorra em mulheres não grávidas ou que não estejam amamentando. Essa condição é causada por bactérias que invadem os ductos lactíferos através de rachaduras ou feridas no mamilo. A principal bactéria envolvida é o Staphylococcus aureus, que é responsável pela maioria dos casos de mastite necrotizante. Este caso clínico tem como objetivo explicar o que é a mastite necrotizante, seu tratamento e prognóstico.
Relato de caso
Paciente N.N.G.E., feminino, 38 anos, natural da Venezuela e procedente de São José-SC. Submetida a cesárea há 24 dias, procura serviço do Hospital Regional de São José com queixa de mastalgia à direita há 5 dias e febre não aferida. Em uso há 2 dias de Cefalexina prescrita pela unidade básica de Saúde. Ao exame físico, mama direita aumentada de volume, ingurgitada e com dor intensa à palpação. Paciente interna para antibioticoterapia endovenosa, iniciado Clindamicina 600 mg 8/8h. Após 48 horas iniciou com lesão bolhosa próxima ao mamilo, na junção dos quadrantes mediais, que evolui com drenagem de secreção purulenta. Ultrassonografia mamária evidenciou imagem sugestivade coleção em região de junção dos quadrantes mediais e retroareolar D de 64 x 25 mm e 54 x 49 mm, respectivamente. Foi prescrito Cabergolina 1g e associado Ceftriaxona à Clindamicina EV. Indicado drenagem em centro cirúrgico, realizada no 28o dia de puerpério, com saída de grande quantidade de secreção purulenta . Ao laboratório proteína C reativa de 450. Cultura com crescimento de S. aureus. Paciente evolui com piora do quadro, intensificando queixas álgicas e extensão da lesão, associado a presença de área necrótica e edema em região infra-axilar ipsilateral. Tomografia de tórax evidenciou infiltração líquida do tecido mamário bilateral, com focos enfisematosos de permeio à direita, com sinais de extensão à gordura subcutânea e planos musculares da parede torácica lateral e parede abdominal deste lado. Não há sinais de extensão intratorácica no momento. Linfonodomegalias axilares a direita. No 31o dia de puerpério, realizado nova abordagem em centro cirúrgico, com amplo debridamento, drenagem e setorectomia de áreas suspeitas. Anatomopatológico evidenciou inflamação aguda, supurativa, associada a extensa necrose, sem evidência de malignidade. Conforme parecer da infectologia, manteve-se Clindamicina e foi iniciado Cefepime e Vancomicina. Manteve internação hospitalar e antibioticoterapia endovenosa, além de avaliação conjunta com equipe da dor e da comissão de curativos. No 38o dia, nova abordagem em centro cirúrgico, com debridamento, lavagem exaustiva e ressutura. Paciente apresentava anemia e hipovitaminose, fatores que podem ter contribuido para demora na cicatrização. Foi realizado transfusão de bolsa de concentrado de hemácias , além de reposição de vitamina D e B12. Paciente iniciou com melhora clínico laboratorial progressiva. Suspenso antibioticoterapia no D15 de uso. Recebeu alta após 38 dias de internação para seguimento no ambulatório da dor e de Mastologia.
Discussão
Os principais sintomas da mastite necrotizante incluem dor intensa no seio afetado, vermelhidão, calor, comprimento e resistência da mama. Além disso, podem estar presentes febre alta, calafrios e mal-estar geral. À medida que a infecção progride, pode ocorrer a formação de abscessos e necrose tecidual. O diagnóstico da mastite necrotizante é realizado com base na avaliação clínica dos sintomas e na confirmação da infecção bacteriana através de exames laboratoriais, como cultura de tecido mamário ou amostra de secreção. Além disso, exames de imagem, como ultrassonografia ou ressonância magnética, podem ser úteis para avaliar a extensão da infecção e identificar a presença de abscessos. O tratamento da mastite necrotizante envolve uma abordagem multidisciplinar, incluindo o uso de antibióticos intravenosos de amplo espectro para combater a infecção bacteriana. É importante iniciar o tratamento o mais rápido possível para evitar complicações graves. Além disso, a drenagem cirúrgica pode ser necessária para remoção de abscessos e necrose tecidual. Em casos mais avançados, a mastectomia pode ser indicada. O prognóstico da mastite necrotizante depende da gravidade da infecção e da resposta ao tratamento. Com o tratamento adequado, a maioria das mulheres se recupera completamente. No entanto, em alguns casos, podem ocorrer complicações graves, como sepse (infecção generalizada), choque séptico e até mesmo a morte.
Área
Mastologia
Instituições
HospitalRegional de São José Dr. Homero de Miranda Gomes - Santa Catarina - Brasil
Autores
CHRISTIANE CARDOSO FALCÃO, NATÁLIA ALBERTON CUNHA, PAULA MEDINA POETA FERMINO, LETÍCIA DE STEFANI DALPONTE