Congresso Brasileiro de Mastologia

Dados do Trabalho


Título

OUTUBRO ROSA: INFLUENCIA NO RASTREAMENTO DO CANCER DE MAMA NOS ESTADOS BRASILEIROS

Introdução

Estima-se que ocorrerão, no Brasil, aproximadamente 74 mil novos casos de câncer de mama anualmente entre os anos de 2023 e 2025. O diagnóstico precoce melhora o prognóstico da doença e reduz a mortalidade pela doença, porém a taxa de realização da mamografia difere entre as regiões brasileiras. Por exemplo, em 2019, 65,2% das mulheres na faixa etária recomendada para o exame haviam realizado mamografia nos últimos dois anos na região Sudeste, enquanto apenas 43,2% o fizeram na região Norte e 49,5% na região Nordeste. A literatura descreve que a disparidade na oferta de serviços de saúde pública, os determinantes sociais e a falta de acesso a informações de qualidade são fatores que contribuem para essa desigualdade. Nesse sentido, desde 1990, a Campanha Outubro Rosa é divulgada com o objetivo de conscientizar a população sobre o câncer de mama. Assim, durante os meses de outubro, a disseminação de conhecimentos estimula o público a buscar informações adicionais sobre saúde na internet.

Justificativa

Dadas as disparidades no rastreamento do câncer de mama nas regiões brasileiras, é importante conhecer o impacto da campanha do Outubro Rosa em suscitar o interesse pelo tema em cada região.

Objetivo

Avaliar a efetividade da campanha do Outubro Rosa em mobilizar o público em diferentes regiões do país, por meio das mídias digitais, e relacioná-lo com a cobertura desigual do rastreamento.

Métodos

Foi utilizada a ferramenta Google Trends (GT), que permite estimar o interesse dos usuários com base no volume de buscas no Google em um determinado período e local. A busca foi feita com as palavras-chave "câncer de mama + cancer de mama". Em relação à região, a pesquisa foi realizada com base nas unidades federativas (UF). Em seguida, obteve-se o valor médio do volume relativo de buscas entre as UFs pertencentes a cada uma das regiões. Analisou-se o período de novembro de 2017 a outubro de 2022, separando-se os meses de outubro de cada um destes anos dos demais. Os dados obtidos variam de 0 a 100, em que 100 representa a UF com o maior índice de popularidade para o termo dentro do período definido, e os demais valores variam em relação a esse máximo. O programa IBM SPSS (versão 29.0.10) foi utilizado para a análise estatística. O intervalo de confiança de 95% (ICs) e significância de 0,05 foram adotados para a avaliação dos resultados. Para investigar a diferença no volume de buscas entre as regiões durante os períodos mencionados, foi feito o teste ANOVA. Posteriormente, o Teste de Tukey (Tukey's HSD - Honest Significant Difference) foi aplicado para identificar diferenças entre pares de regiões e o Teste de Dunnett para comparar as regiões com a média brasileira.

Resultados

O teste ANOVA confirmou a existência de diferença (<0,001) no volume relativo de buscas entre as diferentes regiões. O teste de Dunnett aplicado ao intervalo dos meses de novembro a setembro mostrou as diferenças dos valores médios de volume relativo de busca entre o Brasil e cada uma das regiões. Norte (p 0,622): não significativo; Nordeste (p 0,014): maior em 7,09; Centro-Oeste (p 0,006): menor em 7,89; Sudeste (p 0,340): não significativo; Sul (p <0,001): menor em 13,22. No teste de Tukey HDS, a região Norte mostrou diferença significativa (p<0,001) na comparação com Centro-Oeste e Sul, apenas, com médias maiores em, respectivamente, 10,56 e 15,89. O Nordeste apresentou valores médios maiores que Centro-Oeste, Sudeste e Sul (p < 0,001) em 14,97778, 10,74444 e 20,31. O Sudeste apresentou média maior que o Sul (p 0,002) em 9,57. Em relação ao mês de outubro, o teste de Dunnett mostrou os resultados a seguir. Norte (p 0,574): não significativo. Nordeste (<0,001): maior em 15,33; Centro-Oeste (p 0,004): menor em 11,74; Sudeste (p 0,002): menor em 12,65; Sul (p 0,001): menor em 13,45. O teste de Tukey HSD mostrou médias maiores na região Norte em relação ao Centro-Oeste, Sudeste e Sul (p<0,001), respectivamente, em 15,75, 16,67 e 17,47. O Nordeste teve médias maiores que as regiões Norte, Centro-Oeste, Sudeste e Sul (p<0,001), em, respectivamente, 11,31, 27,06, 27,98, 28,78. Demais comparações não mostraram diferença estatística significativa.

Conclusão

A partir das análises realizadas, evidencia-se maior volume de busca no Google nas regiões Norte e Nordeste, tanto durante os meses de outubro quanto nos demais meses, em comparação com as demais regiões. Contudo, o impacto positivo das campanhas de conscientização contrasta com os menores números de exames mamográficos realizados nessas regiões. Isso evidencia a contribuição de outros fatores para as desigualdades regionais no rastreamento do câncer de mama. Portanto, é imprescindível que as Campanhas de Outubro Rosa sejam aliadas a políticas públicas direcionadas às regiões com menor eficiência no rastreamento, visando reduzir as disparidades na detecção precoce do câncer de mama.

Área

Mastologia

Instituições

Universidade Federal de Minas Gerais - Minas Gerais - Brasil

Autores

AMANDA LIMA ALVES PEREIRA, GIOVANNA MARTINS VILAS BOAS, JHENIFER VIANA DE FREITAS, ANNAMARIA MASSAHUD RODRIGUES DOS SANTOS, DÉBORA BALABRAM