Dados do Trabalho

Título

RASTREAMENTO DO CANCER DE MAMA BASEADO NO EXAME FISICO DA MAMA: PROJETO ITABERAI

Trabalho aprovado na Plataforma Brasil? Inserir número do CAAE.

56916522.8.0000.5078

Introdução

Cerca de 70% da população brasileira é dependente do Sistema Único de Saúde (SUS) para acesso à detecção, diagnóstico precoce e tratamento de doenças. Dentro da rede SUS, a Equipe de Estratégia de Saúde da Família (ESF) é responsável pelo monitoramento da promoção à saúde da população em uma área pré-definida e o Agente Comunitário de Saúde (ACS) é o profissional que realiza as atividades mediante ações domiciliares.

Justificativa

Para o rastreamento do câncer de mama, somente 16% das usuárias do SUS têm acesso a mamografia. Com a baixa cobertura mamográfica, torna-se necessário avaliar novas estratégias para a redução da taxa de mortalidade.

Objetivo

O objetivo deste estudo é apresentar resultados preliminares sobre as ações de rastreamento baseadas no exame físico da mama (EFM), realizado pelo ACS, com vistas a redução dos tumores avançados (Ec III e IV) e redução da taxa de na mortalidade por câncer de mama. 

Métodos

Ensaio clínico randomizado, multicêntrico, aberto, de fase III, cuja população alvo são mulheres com 40 anos ou mais, usuárias do SUS e da rede de atenção básica à saúde. O centro que iniciou a coleta de dados foi o município de Itaberaí, localizado na região central do Brasil, o qual possui um território de 1.457,280 km2 e população estimada de 44.734 pessoas. Para a randomização considerou-se a localização geográfica das equipes de atenção básica à saúde de cada ACS e essas foram alocadas aleatoriamente em Grupo Controle (GC) e Grupo Intervenção (GI). Previamente, todos os profissionais de saúde participaram de um treinamento para atualização sobre câncer de mama e os profissionais do GI participaram de treinamento prático para realização do exame físico da mama (apenas profissionais do sexo feminino). Considerou-se como Intervenção o EFM realizado pelo ACS nas residências das mulheres, semestralmente. O estudo terá duração de 16 anos, organizado em ciclos de quatro anos. Foi desenvolvido um aplicativo para ser instalado em dispositivo móvel, utilizado pelos ACS nas visitas domiciliares. A interface gráfica do aplicativo foi desenvolvida em Dart/Flutter. Para a parte Back End utilizou-se linguagem de programação Python, juntamente com seu framework Flask, para a criação da API (Application Programming Interface), responsável por fazer a comunicação entre o banco de dados e o aplicativo. Para o banco de dados relacional utilizou-se o software MySQL. As variáveis utilizadas para a construção do aplicativo foram: dados sociodemográficos, hábitos de vida, anamnese, informações sobre exames anteriores e sobre o exame físico da mama.  Para as análises estatísticas, o banco de dados está sendo exportado para a Plataforma REDCap (Research Electronic Data Capture). O cálculo da amostra foi definido para detectar a redução de casos graves e mortalidade (de 10% e 20%, respectivamente). Para tanto, foi adotado 80% de poder amostral, 5% de erro Tipo I, depois de ajustar a correlação intraclasse e efeito amostral (0,032 e 1.892, respectivamente). O cálculo foi estimado utilizando o software nQuery (versão 9.1). Para a cidade de Itaberaí, estimou-se uma população de 1.894 mulheres em cada grupo (total de 3.788).

Resultados

Após seis meses do início da coleta de dados, atingiu-se 66,5% do mínimo necessário de participantes para o estudo. No total de 2516 mulheres, 1050 (41,7%) foram recrutadas pelos ACS do GI e 1466 (58,3%) do GC. A média da idade foi de 56,8 anos, sendo 56,7 anos ±11,22 no GC e 57,1 anos ±11,18 no GI (p=0,47). Dessas mulheres, 85,5% relataram ser dependentes do sistema público de saúde, 78,5% relataram que procuram assistência médica anualmente, 27% realizam atividade física, 92,7% não faziam uso de bebida alcoólica e 65% estavam acima do peso (p>0,05). Somente 27,5% das pacientes realizaram mamografia nos últimos dois anos, das quais 29,3% eram do GI e 26,3% do GC. No GI foram identificados 226 (21,5%) casos alterados no EFM realizado pelos ACS e, desses, dois (0,2%) casos foram confirmados como câncer de mama; além de um (0,07%) caso de câncer no GC. As pacientes aguardaram em média 22 dias para o resultado do exame de imuno-histoquímica, o que influenciou diretamente no intervalo do tempo decorrido entre o diagnóstico e o início do tratamento. 

Conclusão

Os resultados preliminares mostram que o ACS treinado pode apoiar o rastreamento do câncer de mama e gerar informações que poderão subsidiar tomadas de decisões e otimizar os gastos públicos direcionados à saúde.