Congresso Brasileiro de Mastologia

Dados do Trabalho


Título

MIGRAÇAO DE PACIENTES COM CANCER DE MAMA NO BRASIL: IMPACTO REGIONAL E DESAFIOS NO ACESSO AO TRATAMENTO ONCOLOGICO

Trabalho aprovado na Plataforma Brasil? Inserir número do CAAE.

ESTUDO ECOLÓGICO NÃO NECESSÁRIO

Introdução

O câncer de mama é uma das principais causas de morbidade e mortalidade entre mulheres em todo o mundo. A escassez de acesso ao tratamento adequado em algumas regiões contribui para resultados desfavoráveis, levando muitas pacientes a migrarem em busca de atendimento especializado em centros oncológicos mais distantes. Essa migração gera sobrecarga no sistema de saúde e potenciais atrasos no início do tratamento, aumentando os desafios enfrentados pelas mulheres afetadas

Justificativa

A migração de pacientes com câncer de mama é uma questão relevante e pouco explorada no Brasil. Esta pesquisa justifica-se pela necessidade de compreender os padrões e fatores que influenciam a migração, visando aprimorar o acesso regional ao tratamento oncológico e contribuir para melhores desfechos clínicos.

Objetivo

O presente estudo teve como objetivo determinar a taxa de migração de pacientes com diagnóstico de câncer de mama para realizar tratamento no Brasil, bem como investigar a associação entre a migração e o estadiamento do câncer e a modalidade de tratamento

Métodos

Realizamos uma análise transversal observacional ecológica com base em dados retrospectivos obtidos do banco de dados DATASUS - SISCAN/Sistema de Informação de Câncer. Foram incluídas pacientes diagnosticadas com câncer de mama (CID C50) no período de 2017 a 2022. Foram avaliadas variáveis relacionadas à UF de diagnóstico e tratamento, estadiamento clínico, tipo de tratamento e tempo de tratamento. Os testes Qui-Quadrado e Z de duas proporções foram utilizados para análise estatística. Foram excluídos os dados não computados nas análises quantitativas. Os dados foram avaliados pelos testes Qui-Quadrado e Z de duas proporções, considerando intervalo de confiança de 95% (p < 0,05)

Resultados

No período analisado, correspondendo de 2017 a 2022 foram considerados tratados 275.140 mil casos, de câncer de mama em mulheres.  A taxa geral de migração no país foi de 2,12%, correspondendo a 5841 casos. A taxa de migração nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste foram, respectivamente, 3,9%, 0,35%, 0,39%, 0,32% e 9,31% (p < 0,001) mostrando a região Sul com as menores taxas e a região Centro-Oeste, as maiores taxas de migração para obtenção de tratamento por região. O Sudeste foi a região para a qual a maioria das pacientes migraram, recebendo, no período, 1690 casos (0,61% do total de casos do país), sendo 353 vindos do Norte, 152 do Nordeste, 113 do Sul e 1072 do Centro-Oeste. Destacam-se como estados com alta taxa de migração para obtenção de tratamento: Amapá (36,9%), Acre (40,04%), Roraima (13,9%), Tocantins (11,99%), Goiás (13,43%) e  Mato Grosso do Sul (18,36). Os demais estados apresentaram taxas de migração menores que 10%.  O estádio clínico com maior taxa de migração foi o IV em todas as regiões do país  (p<0,001) com exceção da região Sul onde predomina a migração nos estádios II e III (p<0,016). Em relação ao tipo de tratamento destaca-se migração de 100% dos pacientes dos estados de Roraima e Amapá para realização de radioterapia (p<0,001). Na região Sul o estado de Santa Catarina é o responsável pelos maiores índices de migração para obtenção de tratamentos tanto cirúrgico, como quimioterápico e radioterápico (p<0,01). Na região Centro Oeste o tipo de tratamento que mais gera migração de pacientes foi a  quimioterápico com taxa de 9,5% (p<0,002).

Conclusão

Com base nos resultados obtidos no período de 2017 a 2022, fica evidente a significativa taxa de migração de pacientes com câncer de mama no Brasil, com uma taxa geral de 2,12% correspondendo a 5.841 casos migrados. As regiões Norte e Centro-Oeste apresentaram as maiores taxas de migração, enquanto a região Sul teve as menores taxas. O estádio clínico IV foi o principal responsável pela migração, e o tipo de tratamento que mais gerou migração foi a quimioterapia na região Centro-Oeste e a radioterapia nos estados de Roraima e Amapá. Esses achados destacam a importância de políticas de saúde que visem fortalecer os serviços oncológicos nas regiões com maior migração, garantindo um acesso equitativo e oportuno ao tratamento do câncer de mama.

Área

Mastologia

Instituições

Grupo Oncoclínicas - São Paulo - Brasil, Hospital do Servidor Público Estadual - São Paulo - Brasil

Autores

MARCELO ANTONINI, GABRIELA MOREIRA SANTOS, ANDRE MATTAR, ODAIR FERRARO, REGINALDO QUEDES COELHO LOPES