Congresso Brasileiro de Mastologia

Dados do Trabalho


Título

TUMORES FILOIDES E SARCOMAS MAMARIOS: ASPECTOS SOCIODEMOGRAFICOS, CLINICOS, ANATOMOPATOLOGICOS E CORRELAÇAO COM DESFECHO DE TRATAMENTO - PROJETO SAFIRE

Trabalho aprovado na Plataforma Brasil? Inserir número do CAAE.

38021520.0.0000.5404

Introdução

As neoplasias não-epiteliais correspondem a menos de 1% dos tumores de mama. São um grupo heterogêneo que tem como principais representantes os sarcomas e o tumor filoide maligno.  O tumor filoide é um tipo raro de tumor fibroepitelial da mama correspondendo a cerca de 0,3-1,0% de todos os casos de tumores da mama. São tumores que apresentam componente mesenquimal e epitelial, assim como os fibroadenomas, o que torna difícil a sua diferenciação. O principal achado histológico utilizado para esse fim é a presença de um padrão arquitetural de crescimento foliar (do grego phyllos, “em folha”).  São classificados de acordo com a OMS em três subtipos: benigno, borderline e maligno. Em sua maioria tem caráter benigno, porém, com alto de risco de recorrência, estimado em até 17% para os casos benignos e 27% para os malignos, além do potencial de malignização dos tumores benignos e borderline. A conduta é sempre cirúrgica e a extensão da cirurgia depende da classificação histológica.  Os sarcomas mamários são um grupo heterogêneo de tumores não-epiteliais da mama, representando menos de 1% de todas as neoplasias mamárias e menos de 5% dos sarcomas de todas as localizações anatômicas. São classificados em 2 subtipos: primários e secundários. O tratamento para os sarcomas é, em geral, cirúrgico e consiste na excisão ampla do tumor com margens adequadas livres, idealmente de 1 cm, não tendo diferença em recidiva quando comparado cirurgia conservadora à mastectomia. 

Justificativa

Apesar de infrequentes, é importante o conhecimento dessas neoplasias, principalmente em relação a sua apresentação clínica, facilitando o diagnóstico e possibilitando o melhor tratamento possível à paciente. 

Objetivo

Descrever aspectos sociodemográficos, clínicos e anatomopatológicos dos tumores filoides e dos sarcomas da mama, correlacionando-os com a evolução. Avaliar a sobrevida global (SG) e sobrevida livre de doença (SLD) entre os grupos e os fatores relacionados a elas.

Métodos

Estudo retrospectivo descritivo que avaliou a evolução de 146 mulheres com diagnóstico de tumores filoides ou sarcomas de mama atendidas ambulatoriamente de 1988 a 2022 no Hospital da Mulher “Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti” – Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM/UNICAMP). Os dados descritivos da população foram obtidos a partir da revisão de prontuários físicos e eletrônicos. A coleta de dados, foi realizada através de plataforma on-line de gerenciamento de banco de dados REDCap, em um formulário eletrônico.     

Resultados

Em 146 pacientes, existiram 155 casos. Destes, 65 (41,9%) eram tumores filoides benignos, 21 (13,5%) borderlines, 48 (31,1%) malignos, e 21 (13,5%) eram sarcomas puros. O grupo dos não-benignos (borderline, malignos e sarcomas) foi mais associado a tumores > 5 cm.  A core-biopsy foi utilizada como ferramenta diagnóstica pré-operatória em 73 casos, porém quando comparado os resultados das biópsias com o anatomopatológico, verificou-se boa concordância (k>0.70) entre os métodos somente para o subgrupo dos sarcomas (anexos 2, 3, 4, 5 e 6). Os tumores benignos foram associados a maior frequência de margens positivas após a cirurgia (62,0%) (p<0,001), mas não foi realizada ampliação na maioria dos casos. Das que apresentaram recidiva local, 22,7% tiveram lesão histologicamente mais grave que a inicial. Recidivas ocorreram em 28,6% dos borderlines, sem associação com o tipo de tratamento cirúrgico. A mastectomia foi o tratamento de escolha dos filoides malignos e sarcomas (85,4% e 76,2%, respectivamente). Margens cirúrgicas foram positivas em 18,1% dos filoides malignos e a ampliação de margem só não foi realizada em um caso. Os sarcomas foram os tumores mais associados a margens > 1cm e as recidivas ocorreram em 42,9% dos casos.  A sobrevida livre de doença não mostrou diferença estatística entre os grupos. A presença de margens positivas esteve associado a pior  sobrevida livre de doença (H.R 2,03).  A sobrevida global dos tumores filoides malignos e sarcomas foi menor e  estatisticamente significativa quando comparado aos tumores benignos e borderlines, porém, não houve diferença na comparação entre os tumores filoides malignos e sarcomas. A presença do componente sarcomatoso nos tumores filoides, tamanho tumoral ≥ 13cm, quimioterapia adjuvante e realização de terapias, no geral, estiveram associados a maior risco de óbito.

Conclusão

A core-biopsy tem uso limitado para o diagnósticos dos tumores não-epiteliais. Nos tumores filoides benignos, margens positivas são associadas à maior recorrência, sem impacto na sobrevida. Os tumores filoides malignos e os sarcomas puros tiveram mais indicações de quimiterapia e radioterapia adjuvante, mastectomia e as margens >1cm. A SLR foi menor na presença de margens positivas e pior SG está relacionada a presença do componente sarcomatoso, tumores que realizaram terapias adjuvantes e com tamanho ≥ 13 cm.

Área

Mastologia

Instituições

UNICAMP - São Paulo - Brasil

Autores

BÁRBARA NARCISO DUARTE, CASSIO CARDOSO FILHO, AMANDA MARIA SACILOTTO DETONI, GABRIELLA NOBREGA DA ROCHA SANTOS LACOURT, RENATO ZOCCHIO TORRESAN