Dados do Trabalho
Título
O PAPEL DA CIRURGIA RECONSTRUTORA EM MULHERES PORTADORAS DE CANCER DE MAMA
Introdução
O câncer de mama é a principal causa de morte de mulheres no mundo, sendo também o segundo tipo de neoplasia mais frequente entre essa população – ficando atrás somente do câncer de pele. Se diagnosticada em estágios mais avançados, um dos tratamentos consiste na mastectomia. Para a maioria das mulheres, a retirada cirúrgica da mama representa não apenas a remoção de um órgão doente, mas também a evasão de sua feminilidade, sexualidade e maternidade, o que acarreta em sérias consequências psicológicas e sociais. Dessa forma, a fim de minimizar o impacto físico e emocional da mastectomia, a cirurgia reconstrutora é uma técnica capaz de restaurar a mama em sua forma, aparência e tamanho, possível de ser feita com diferentes técnicas, as quais devem ser escolhidas de forma individualizada, levando em conta o tecido mamário, as características e as expectativas de cada paciente.
Justificativa
Muitas mulheres portadoras de câncer de mama que optam pelo tratamento de mastectomia não conhecem as consequências de curto e longo prazo da operação e a possibilidade de uma reconstrução mamária. A saúde da mama abrange não somente questões físicas do órgão, mas também questões psicossociais da paciente, as quais devem ser consideradas, estudadas e reconhecidas no meio acadêmico.
Objetivo
Realizar uma análise das repercussões da cirurgia reconstrutora sobre a imagem corporal e a saúde de mulheres portadoras de câncer de mama, e analisar seus resultados.
Métodos
Consiste em uma revisão integrativa da literatura, realizada em julho de 2023, na qual se utilizou as principais bases de dados em saúde: PubMed/MEDLINE, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), SciELO e Cochrane. Para a pesquisa, utilizou-se os descritores indexados no Medical Subject Headings (MeSH)/Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “Breast neoplasms”, “Breast reconstruction” e “Body image”, juntos ao operador booleano AND para relacionar as palavras. Foram incluídos artigos publicados nos últimos 5 anos, nos idiomas inglês, português e espanhol, que abordassem acerca dos efeitos da cirurgia reconstrutora em mulheres portadoras de câncer de mama.
Resultados
Grande parte das sobreviventes de câncer de mama pós-mastectomizadas expressaram sofrimento psíquico – depressão, ansiedade e hostilidade – devido à insatisfação com sua imagem corporal. Além disso, foi relatado também problemas sexuais com seus parceiros. Quando comparado com a população feminina submetida à cirurgia reconstrutora da mama após mastectomia, notou-se uma qualidade de vida superior neste grupo. Além da melhor função sexual, menores sintomas depressivos e uma melhor imagem do próprio corpo, as pacientes relataram maior autoconfiança e liberdade para frequentar ambientes sociais e utilizar peças de roupa, juntamente com o aumento da autoestima. Foi observado, também, que a cirurgia reconstrutora da mama teve o papel fundamental de preencher o vazio emocional deixado pelo sofrimento da doença. Dessa forma, poder sair do centro cirúrgico com uma mama semelhante a anterior contribuiu para uma melhor e mais rápida recuperação e superação do trauma relacionado ao câncer de mama.
Conclusão
A reconstrução mamária contribui para que as mulheres sobreviventes do câncer de mama recuperem sua segurança, autoestima e qualidade de vida, com a sensação de estarem completas novamente. Por isso, equipes e profissionais da saúde – especialmente mastologistas, oncologistas e cirurgiões plásticos – devem buscar informar à população feminina acometida pelo câncer de mama ou pós-mastectomizadas sobre a possibilidade e o direito de realizarem a reconstrução mamária, esclarecendo os efeitos de curto e longo prazo da cirurgia. Além disso, é importante ressaltar a relevância do aconselhamento pré-cirúrgico em torno das expectativas da paciente quanto a sua saúde psicossocial e emocional após a cirurgia.
Área
Mastologia
Instituições
Universidade Potiguar - UnP - Rio Grande do Norte - Brasil
Autores
MARIA JÚLIA TOSCANO DE AZEVEDO SANTOS