Congresso Brasileiro de Mastologia

Dados do Trabalho


Título

MASTITE GRANULOMATOSA IDIOPATICA: UMA REVISAO SISTEMATICA.

Introdução

O termo “mastite granulomatosa idiopática” faz referência a uma entidade patológica mamária de caráter raro, benigno, inflamatório e crônico, com maior incidência em mulheres em idade fértil. Tal condição foi descrita pela primeira vez em 1972, pelos autores Kesller e Wolloch, em 1972. Ainda que 50 anos tenham se passado, a mastite granulomatosa idiopática (MGI) continua a possuir uma etiologia enigmática.  Nesse sentido, vários mecanismos foram propostos para explicar a patogênese da MGI, abrangendo gravidez, lactação, tuberculose, infecção fúngica, traumas, hiperprolactinemia e autoimunidade.  Outrossim no que diz respeito a face incógnita desta patologia o diagnóstico da MGI se baseia inicialmente no fator de exclusão, associado a achados de imagem como geralmente são inespecíficos como distorção e contorno de massa, bem como sua manifestação clínica, muitas vezes apresentando-se com eritema, abcessos, linfadenopatia, úlceras e fístulas. Frente a esse quadro, obrigatoriamente deve-se realizar a core-biopsy da a mama afetada e esta, em geral, apresenta laudo de lesões granulomatosas.  A MGI apresenta altas chances de recorrência e no que diz respeito ao tratamento, não há consenso sobre a estratégia terapêutica ideal. Entretanto, o tratamento mais preconizado inclui antibióticos, terapia imunossupressora, com corticoides e metotrexato, e conduta cirúrgica, com drenagem de abscesso, podendo esta trazer sequelas estéticas.   

Justificativa

A MGI tem uma incidência estimada de 2,4 por 100.000 mulheres nos Estado Unidos da América. É caracterizada como uma entidade de rara apresentação fora de hospitais de referência, o que muitas vezes gera imprecisão frente ao manejo desta patologia.  Nesse contexto, muitas vezes a paciente é submetida a vários tratamentos refratários por não ter um diagnóstico precoce devido à própria raridade da doença. Assim, a investigação a respeito da etiologia, da apresentação clínica e dos achados de imagem, bem como o diagnóstico diferencial da MGI e seu tratamento,  propicia uma explanação a respeito desta afecção mamária e promove uma melhor prática clínica baseada em evidências relatadas em artigos recentes com relevância científica.

Objetivo

A presente revisão integrativa da literatura visa revisar a apresentação clínica, diagnóstico e tratamentos da mastite granulomatosa, com base na literatura publicada nos últimos 5 anos na base de dados presentes no PubMed.

Métodos

Para o levantamento dos artigos na literatura, realizou-se uma busca na base de dados PubMed. Foram utilizados os seguintes descritores e suas combinações nas línguas portuguesa e inglesa: "idiopathic granulomatous mastitis" NOT " pregnancy" NOT "lactation" NOT "non-puerperal mastitis”. Os critérios de inclusão definidos para a seleção dos artigos foram: clinical trial, meta-analysis, randon controlled trial, systematic review com abstract availability. Os artigos deveriam ser em português, inglês e espanhol, publicados entre 2018 e 2023.

Resultados

No levantamento inicial da pesquisa foram encontrados 116 artigos para verificar o título, o resumo ou o assunto. Após a identificação e seleção por título, excluiu-se 54 artigos. Para a leitura do resumo foram selecionados 62 artigos, e após a realização desta excluiu-se 26 devido falta correlação com a questão norteadora. Buscou-se complementar o levantamento com busca manual nas citações dos estudos primários identificados, com a verificação de 1 publicação, sendo selecionadas 37 para o estudo. Após nova seleção para iniciar a leitura integral dos artigos, 22 foram excluídos por não se correlacionarem com o assunto determinado. A amostra final desta revisão foi constituída por 15 artigos científicos: 6 reviews, 6 case reports e 3 meta-analysis, direcionados para leitura íntegra e síntese da revisão integrativa, selecionados pelos critérios de inclusão previamente estabelecidos.

Conclusão

A mastite granulomatosa idiopática é uma patologia rara com maior acometimento em mulheres em idade reprodutiva. Entre as causas tem-se doença autoimune, traumas, acumulo de secreções. Na teoria mais aceita, a inflamação local no mesênquima, causado infiltração de células imunocompetentes gerando hipersensibilidade e granulomas. Clinicamente se vê na mama, hiperemia, fístulas e ulcerações. Nos exames de imagem identifica-se abscesso, distorções e pode simular um carcinoma de mama. Possui diagnóstico incerto e a core-biopsy é exame obrigatório. No estudo não houve plano terapêutico consensual, porém destacam-se o uso de antibióticos - como clindamicina e levofloxacina, imunossupressores- como corticóide e metotrexato. O tempo de tratamento precisa ser ajustado com a progressão da doença. A principal limitação deste estudo se deu no reduzido número de publicações associada aos critérios de inclusão estabelecidos.  Em conclusão, apesar de ser uma patologia mamária rara e com diagnóstico incerto, a apresentação clínica é característica e, frente à pesquisa em literatura recente, verifica-se um tratamento mais padronizado.

Área

Mastologia

Instituições

HOSPITAL MATERNIDADE ASSIS CHATEAUBRIAND - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - Ceará - Brasil

Autores

GABRIELLE ALESSANDRA SOCORRO DO NASCIMENTO, GINA ZULLY CARHUANCHO FLORES, MARLON MARCELO MACIEL SOUSA