Congresso Brasileiro de Mastologia

Dados do Trabalho


Título

O VALOR DA RESSONANCIA DE MAMAS EM ASSIMETRIAS E DISTORÇOES MAMOGRAFICAS

Trabalho aprovado na Plataforma Brasil? Inserir número do CAAE.

25718919.4.0000.5125

Introdução

Assimetrias e distorções arquiteturais são alterações relativamente frequentes na mamografia e em alguns casos podem corresponder ao câncer de mama. Contudo, é preciso identificar quais dessas lesões são benignas e quais são malignas. A ultrassonografia é o método diagnóstico mais utilizado para elucidar essas lesões. Entretanto, nem sempre há uma correspondência com a alteração visibilizada na mamografia, e alguns casos, esses achados permanecem inconclusivos mesmo após a realização do segundo exame. Diante desse cenário, há a necessidade de avaliar se outro método diagnóstico é válido para auxiliar na predição de malignidade desses achados inconclusivos.        

Justificativa

A ressonância magnética das mamas (RMm) vem sendo utilizada para a avaliação de achados inconclusivos, entretanto seu uso especificamente para a avaliação de assimetrias e distorções ainda não está bem esclarecido na literatura. Alguns estudos, predominantemente retrospectivos, já avaliaram a ressonância para achados inconclusivos, com resultados ambíguos. Isso decorre, principalmente, da inclusão de várias lesões além das assimetrias e distorções. Essa inclusão não seletiva de diversas lesões provoca um resultado variável e levanta uma desconfiança sobre a validade da RMm, além de mascarar o verdadeiro valor da RMm para assimetrias e distorções arquiteturais.   

Objetivo

Investigar o valor da RMm na avaliação das assimetrias e distorções arquiteturais detectadas nas mamografias e calcular a sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo (VPP) e valor preditivo negativo (VPN), através de uma coorte retrospectiva.  

Métodos

Em uma coorte retrospectiva foram revisadas 1650 RMm de um centro hospitalar referência da região.  Somente os exames realizados devido à presença de assimetria e/ou distorção da arquitetura mamária pela mamografia foram selecionados. Foram excluídos exames cuja indicação foi a presença de microcalcificações, visto que a literatura demonstra pior desempenho da RMm nesses casos. Com a finalidade de garantir que os casos correspondiam a achados inconclusivos também foram excluídos tumores palpáveis, que poderiam ser biopsiados facilmente por via percutânea.  Após as exclusões, 101 pacientes foram acompanhados clinicamente por no mínimo dois anos ou se submeteram a um procedimento invasivo para definição anatomopatológica da lesão. As pacientes foram inicialmente separadas em 2 grupos conforme a classificação Birads da RMm: 1) Grupo “Negativo” (RMm-), incluiu exames com BIRADS 1, 2 ou 3 (69,5% de todos os exames) e 2) Grupo “Positivo” (RMm+), incluiu os exames com BIRADS 4 ou 5 (30,5% da amostra). Os grupos RMm+ e RMm- foram submetidos a seguimento e calculado a capacidade do exame predizer a malignidade.  

Resultados

Para predizer a malignidade destes achados, a RMm apresentou sensibilidade de 100%, decorrente de que todos os exames no grupo RMm- mostraram-se verdadeiros negativos. Logo, o Valor Preditivo Negativo também foi de 100%. A especificidade foi de 77,7% e o Valor Preditivo Positivo foi de 34,5%. Por fim, a acurácia da RMm para essa população foi estimada em 80%. Além disso, a RMm apresentou likelihood positivo de 4,47 e likelihood negativo de 0. Apesar da eficiência do método quando se deseja afastar a malignidade, uma crítica ao método reside na ocorrência dos falsos positivos. Para mitigar esse fenômeno, o grupo RMm+ foi submetido a duas novas avaliações: 1) O “tipo de curva de impregnação de contraste” e 2) O “tipo do achado” (nódulo, realce não nodular ou nódulo associado a realce). Além da curva tipo 3 se associar mais a malignidade, a análise conjunta com o tipo de achado ajudou a predizer a malignidade, visto que o nódulo associado a realce sugere fortemente a malignidade. Além disso, o realce solitário associa-se fortemente à benignidade. Isso sugere que a análise conjunta desses preditores podem ser utilizados para estratificar o grupo RM+ e reduzir o problema com falsos positivos (p = 0,03). A evolução dos casos podem ser vistas na figura 1 com as imagens obtidas na mamografia e ressonâcia.  

Conclusão

A RMm apresenta utilidade limitada diante de um resultado positivo. Contudo levantamos a hipótese que a utilização de informações como realce isolado ou nódulo associado a realce mais a curva de impregnação do contraste podem auxiliar na identificação dos verdadeiros positivos. Contudo, diante de um resultado negativo o exame se mostra altamente eficiente em afastar a malignidade com VPN de 100%. Portanto, acreditamos que a ressonância deve ser utilizada criteriosamente, com maior benefício para a paciente não deseja fazer o acompanhamento, ou caso, o achado inconclusivo seja um importante fator de ansiedade, pois, a RMm foi capaz identificar 75,5% dos casos negativos que pelo acompanhamento clínico tradicional seriam identificados apenas após vários meses ou seriam submetidos a biópsias, resultando em aumento de gastos com exames semestrais desnecessários, visitas médicas, dias perdidos de trabalho e aumento de ansiedade dos pacientes.  

Caso seu trabalho já tenha sido publicado, informe a data de publicação e a revista:

Não publicado ainda.

Área

Mastologia

Instituições

UFMG - Minas Gerais - Brasil

Autores

BRUNO HENRIQUE ALVARENGA, DANIELA BEGGIATO CORREA, LUCIANA CARVALHO HORTA, MARCELO HENRIQUE MAMEDE LEWER