Congresso Brasileiro de Mastologia

Dados do Trabalho


Título

AUMENTO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DA HDL INDEPENDENTEMENTE DA CONCENTRAÇAO PLASMATICA DE HDL-COLESTEROL NO CANCER DE MAMA TRIPLO- NEGATIVO

Trabalho aprovado na Plataforma Brasil? Inserir número do CAAE.

CENTRO DE REFERÊNCIA DA SAÚDE DA MULHER: 04096218.5.3003.0069

HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA USP: 04096218.5.3002.0065

UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO: 04096218.5.0000.5511

Introdução

A associação entre o colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDLc) e a incidência e sobrevida do câncer de mama (CM) ainda é motivo de controvérsia. Isso está relacionado ao fato de que o HDLc pode não ser uma boa métrica para prever a funcionalidade do HDL. O HDL remove o excesso de colesterol celular e tem ações antioxidantes e anti-inflamatórias que podem ajudar a conter a agressividade dos tumores. O CM triplo negativo (CMTN) é conhecido por sua má resposta à terapia medicamentosa e prognóstico com evidências de alteração do perfil de lipoproteína plasmática e aumento da peroxidação lipídica. Foi analisado o papel antioxidante do HDL em mulheres CMTN de acordo com o estágio clínico da doença em comparação com controles (CTR).

Justificativa

A associação entre HDLc e CM é controversa o que decorre, em grande parte, da heterogeneidade da doença, vigência de terapias medicamentosas e comorbidades. Além disso, é possível que a determinação de HDLc ou apoA-I, como métricas de proteção, não seja suficientemente discriminante, considerando-se as diversas funções desempenhadas pelas partículas de HDL. A HDL minimiza a oxidação da LDL o que é refletido, in vitro, pelo retardo na oxidação destas lipoproteínas por agentes oxidantes. O maior aporte de colesterol em células tumorais e células infiltradas no microambiente tumoral favorece o processo proliferativo e metastático e é acompanhado por aumento de estresse oxidativo e inflamatório. Nos CMTN observa-se aumento da concentração plasmática de lípides, o que pode favorecer o suprimento destes compostos associados à maior agressividade deste tipo molecular. A hipótese deste estudo é de que as HDL isoladas de mulheres com CMTN possam apresentar alteração em sua capacidade antioxidante, em comparação às HDL isoladas de mulheres CTR. Isto poderia modular o aporte de LDL ao tumor e o suprimento de colesterol necessário à replicação celular e proliferação tumoral.

Objetivo

Avaliar em mulheres recém-diagnosticadas com CMTN, nos estágios I ao IV, a composição da HDL em lípides e apo A-I e sua atividade antioxidante, caracterizada por sua habilidade em retardar a oxidação da LDL.

Métodos

Duzentas e uma mulheres recém-diagnosticadas com CM virgens de tratamento foram recrutadas no Hosp. Pérola Byington. Uma amostra de conveniência de CMTN foi obtida correspondente à frequência de 16% de CMTN na população (n=27). Vinte e sete mulheres saudáveis pareadas por idade e índice de massa corporal (IMC) foram recrutadas na UBS Dra. Ilza W. Hutzler e incluídas como grupo CTR. Mulheres com diabetes mellitus, doenças autoimunes, hipotireoidismo, doença renal crônica, fumantes, etilistas, em uso de antioxidantes, anti-inflamatórios, terapia de reposição hormonal ou anticoncepcionais e com história prévia de câncer e doença de mama in situ ou gravidez não foram incluídas no estudo. Todos os participantes assinaram um consentimento informado por escrito aprovado pelos Comitês de Ética institucionais de acordo com a Declaração de Helsinque.

Resultados

Idade, IMC e status da menopausa foram semelhantes entre os grupos CTR e CMTN. Além disso, não foram observadas diferenças no perfil lipídico plasmático e nas razões lipídicas entre os grupos.As mulheres com CM foram divididas de acordo com os estágios clínicos da doença, em localizada (estágios I e II) e doença avançada (estágios III e IV). Não houve diferença na idade e IMC e lipídios plasmáticos comparativamente ao grupo CTR. A composição da partícula de HDL em TC, TG, PL e apo A-I foi semelhante entre os grupos controle e CM e entre os estágios clínicos da CM. A fase de atraso para a oxidação de LDL foi 22% maior na presença de HDL de mulheres CMTN em comparação com HDL do grupo CTR, refletindo melhor atividade antioxidante de HDL em CMTN. A fase de latência para a oxidação do LDL foi semelhante entre a doença localizada e avançada, mas foi maior na doença avançada em relação ao grupo CTR. A taxa máxima de formação de dienos conjugados foi semelhante entre os grupos CTR e CMTN e entre os casos CTR e CM de acordo com o estágio da doença. O papel antioxidante do HDL inferido pela fase de latência para a oxidação do LDL correlacionou-se positivamente com a concentração de apo A-I na partícula de HDL.

Conclusão

1.        A concentração de lípides plasmáticos foi semelhante entre CTR e CMTN; 2.        A composição da partícula de HDL, em colesterol total, triglicérides, fosfolípides e apo A-I foi semelhante entre CTR e CMTN; 3.        A HDL isolada do CM apresenta maior atividade antioxidante, refletida pela habilidade em retardar a oxidação de LDL in vitro; 4.        No CM, a HDL isolada de mulheres com doença nos estágios III e IV apresenta maior capacidade antioxidante; 5.        A atividade antioxidante da HDL foi positivamente correlacionada com seu conteúdo em apo A-I.

Caso seu trabalho já tenha sido publicado, informe a data de publicação e a revista:

Campos AL, Sawada MIBAC, Santana MFM, Iborra RT, de Assis SIS, Reis M, de Carvalho JX, Gebrim LH, Passarelli M. The increased antioxidant action of HDL is independent of HDL cholesterol plasma levels in triple-negative breast cancer. Front Oncol. 2023 Mar 9;13:1111094. doi: 10.3389/fonc.2023.1111094. PMID: 36969000; PMCID: PMC10034011.
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36969000/

Área

Mastologia

Instituições

CRSM HOSP. PÉROLA BYINGTON - São Paulo - Brasil, FMUSP - São Paulo - Brasil, UNINOVE - São Paulo - Brasil

Autores

AMARILIS LIMA CAMPOS, MARIA ISABELA BLOISE ALVES CALDAS SAWADA, MONIQUE FÁTIMA MELLO SANTANA, LUIZ HENRIQUE GEBRIM, MARISA PASSARELLI