Dados do Trabalho
Título
EXPRESSAO AUMENTADA DE MIR-223-3P E MIR-3753P NA HDL JUNTAMENTE COM UMA ALTA CAPACIDADE ANTI-INFLAMATORIA DA HDL EM CANCER DE MAMA
Trabalho aprovado na Plataforma Brasil? Inserir número do CAAE.
CENTRO DE REFERÊNCIA DA SAÚDE DA MULHER: 04096218.5.3003.0069
HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA USP: 04096218.5.3002.0065
UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO: 04096218.5.0000.5511
Introdução
A associação entre o conteúdo de colesterol na lipoproteína de densidade alta (HDLc) com a gênese e a evolução do câncer de mama (CM) é controversa. As HDL promovem a remoção do excesso de colesterol celular necessário à replicação, adesão e migração tumoral, e desempenham funções antioxidantes e anti-inflamatórias. Além disso, transportam microRNA (miR) capazes de controlar mRNA alvo e cuja expressão diferencial pode assumir grande relevância na gênese e progressão tumoral.
Justificativa
A concentração plasmática de HDLc é apontada como preditor independente para o risco de CM e sua evolução, embora os mecanismos envolvidos não estejam esclarecidos e sejam, em muitas vezes, mascarados pelas terapias oncológicas já iniciadas e outras variáveis metabólicas. Além disso, os estudos até então realizados incluíram em sua casuística indivíduos em diferentes estadiamentos tumorais e estágios de tratamento (cirúrgico, quimioterapia e radioterapia) e com diversas comorbidades. Não há evidências claras sobre a alteração na função da partícula de HDL em diferentes estadiamentos tumorais, o que não pode ser demonstrado apenas pelas métricas clássicas de HDLc ou apoA-I. A funcionalidade da HDL, como por exemplo, sua capacidade em modular o conteúdo de colesterol celular, potencial oxidativo e inflamatório são determinantes para replicação e sobrevivência tumoral. Além disso, miR transportados pela HDL podem modular diferentes funções celulares envolvidas na tumorigênese, sua evolução e resposta terapêutica por meio do controle de atividades pós-transcricional. Os tumores mamários malignos podem expressar ou não receptores para estrogênio e/ou progesterona, além do receptor ERB2 (HER-2), com implicações prognósticas e terapêuticas reconhecidas para cada tipo molecular. A evolução clínica das neoplasias mamárias tende a seguir a história natural de cada tipo molecular, embora os fatores prognósticos clássicos nem sempre sejam suficientes para compreender o comportamento de cada caso. Sendo assim, a compreensão da funcionalidade da HDL no CM poderá agregar na predição de risco e prognóstico ao CM e no detalhamento da ação desta lipoproteína na fisiopatologia dos tumores de mama.
Objetivo
Avaliar em mulheres recém-diagnosticadas com CM invasivo, estágios I a IV e com prognóstico predito pela classificação molecular do tumor, o perfil de miR e a capacidade anti-inflamatória das HDL isoladas do plasma.
Métodos
Foi determinada a expressão de miRNAs e a atividade anti-inflamatória do HDL isolado de mulheres recém-diagnosticadas e virgens de tratamento com CM (n = 40) em comparação com mulheres controle pareadas por idade e índice de massa corporal (n = 10), o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética local (CAPPesq #3.491.261). A HDL foi isolada do plasma por ultracentrifugação e sua composição em lípides (colesterol total, triglicerídeos e fosfolípides) foi determinada por técnica enzimáticas, e apoA-I, por imunoturbidimetria. miRs foram determinados por RT-qPCR. Macrófagos com sobrecarga de colesterol foram incubados com HDL de CM e mulheres controles (24h). Em seguida, as células foram desafiadas com lipopolissacarídeo (24h), e a secreção de interleucina 6 (IL6) e fator de necrose tumoral (TNF) foram determinados por ELISA. As comparações foram feitas pelos testes de Mann-Whitney e Kruskal-Wallis.
Resultados
A composição da HDL em lipídios e apoA-I foi semelhante entre os grupos controle e CM. A secreção de IL6 e TNF foram, respectivamente, 47% (p = 0,0009) e 34% (p = 0,0378) menor nas células tratadas com HDL do CM em relação aos controles, principalmente nos estágios avançados do CM (estágios III e IV; p = <0,0001; 58%) em relação aos estágios iniciais (I e II; p = 0,0095;35%). miR-17-5p, miR-138-1-3p. miR-223-3p r miR-375-3p foram encontrados na partícula da HDL, mas apenas miR-223-3p r miR-375-3p foram, respectivamente, 5,6 x (p = 0,0001) e 2,2 x (p = 0,0224) mais expressos na HDL do CM apresentando alta capacidade discriminatória com o grupo controle (respectivamente, AUC = 1,000; p= 0,0003 e AUC = 0,8105; p = 0,0254).
Conclusão
O aumento da capacidade anti-inflamatória da HDL e a expressão diferencial de miRs relacionados à inflamação na partícula da HDL podem contribuir para a fisiopatologia e desfecho clínico do CM.
Área
Mastologia
Instituições
CRSM HOSP. PÉROLA BYINGTON - São Paulo - Brasil, FMUSP - São Paulo - Brasil, UNINOVE - São Paulo - Brasil
Autores
MONIQUE FÁTIMA MELLO SANTANA, MARIA ISABELA BLOISE ALVES CALDAS SAWADA, ARITANIA SOUSA SANTOS, LUIZ HENRIQUE GEBRIM, MARISA PASSARELLI