Dados do Trabalho

Título

SIMULAÇAO DE IMAGEM 3D EM CIRURGIA ONCOPLASTICA E RECONSTRUTIVA DA MAMA - UM ESTUDO PROSPECTIVO E RANDOMIZADOM

Trabalho aprovado na Plataforma Brasil? Inserir número do CAAE.

19288919.2.0000.0093

Introdução

Satisfação com resultado final em cirurgia oncoplástica (OP) e reparadora depende de uma minuciosa comunicação pré-operatória entre paciente e cirurgião a fim de gerenciar as expectativas e diminuir riscos de arrependimentos e insatisfação. A imagem tridimensional (3D) com simulação de computador é uma tecnologia em evolução amplamente utilizada no ramo da estética, particularmente em cirurgia da mama e face, e representa um avanço no processo de tomada de decisão, planejamento cirúrgico e avaliação de resultados, além de melhorar a comunicação entre equipes multidisciplinares e pacientes.

Justificativa

Embora muitos estudos tenham relatado resultados clínicos promissores no cenário da cirurgia estética, evidências relacionadas à oncoplástica e reconstrução mamária são escassas.

Objetivo

Determinar se a inclusão de simulação 3D no pré-operatório impacta na expectativa e nos resultados de satisfação da mama após reconstrução mamária através do questionário validado e traduzido para o português - o Breast-Q.

Métodos

Estudo prospectivo e randomizado que incluiu pacientes com câncer de mama que foram submetidas à ciruriga conservadora seguida de técnicas de oncoplástica (OP) e mastectomia seguida de reconstrução imediata (IBR) com implantes no período de 2019 a 2021 no Hospital Nossa Senhora das Graças, Unidade da Mama em Curitiba-Pr, Brazil. 2 grupos independentes foram analisados: o primeiro incluiu pacientes submetidas à mastectomia seguida IBR com implante. O segundo, pacientes submetidas à OP nível 2. Em ambos os grupos as pacientes foram randomizadas em 2 subgrupos. No grupo controle as pacientes foram submetidas apenas ao scaner da imagem sem simulação no período pré-operatório e no grupo intervenção as pacientes scanearam e simularam a imagem 3D. Todas as pacientes responderam o questionário BREAST-Q módulo Expectativa e módulo Reconstrução ou Redução/Mastopexia antes e após 6 meses da cirurgia.        

Resultados

No total foram incluídas 95 pacientes com câncer de mama. Destes, 69 pacientes (45 OP e 24 IBR) completaram os questionários pré e pós-operatório e foram randomizadas em receber ou não a simulação. No grupo OP, 24 foram simuladas e 21 não receberam simulação. Já no grupo IBR, 13 foram simuladas e 11 não-simuladas. Na comparação da taxa de expectativa através do questionário Breast-Q, o grupo OP apresentou maior expectativa com relação a aparência das mamas quando vestida em relação ao grupo IBR com implante (93,4 ± 16,3 vs. 82,9 ± 6,5; p=0.03). No grupo OP, 51% das pacientes esperam que a sensibilidade das mamas volte ao normal após 1 ano da cirurgia, enquanto 43,3% das mulheres no grupo IBR esperam apresentar alguma sensibilidade nas mamas após 1 ano (p= 0,001). (Table 1) Na análise dos escores do Breast-Q entre grupos que receberam ou não a simulação 3D, o grupo intervenção que recebeu a simulação estava mais satisfeito com a informação em relação ao grupo controle (p=0.021). Não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos em relação aos outros parâmetros do Breast-Q pré e pós-operatório (Table 2).  Além disso, a simulação 3D ajudou as pacientes compreenderem melhor o processo da cirurgia em ambos os grupos da intervenção (86,6% OP e 75% IBR). (Table 3)

Conclusão

As pacientes demonstraram alta taxa de expectativa em relação à aparência das mamas após a reconstrução e esperam ter senbilidade normal após 1 ano da cirurgia. Esses resultados alertam a necessidade de melhorar a educação e tomada de decisão sobre a reconstrução da mama a fim de reduzir o risco de insatisfação com a cirurgia. A incorporação da simulação 3D no pré-operatória de pacientes com câncer de mama tiveram maior satisfação com informações baseadas em resultados relatados pelo paciente - o Breast-Q e contribuiu na compreensão sobre o processo da cirurgia. Apesar de ser projetado no cenário da cirurgia estética, a simulação de imagem 3D demonstrou ser uma ferramenta valiosa para reconstrução mamária, pois melhora a comunicação médico e paciente em relação às expectativas e resultados, reduzindo a lacuna entre a percepção (como se interpretam uma explicação) e a expectativa (como se espera um resultado) do paciente. Evidências mais robustas de sua superioridade são necessárias para que possa ser validada e incorporada na prática clínica.