Dados do Trabalho
Título
CIRURGIA ONCOPLASTICA NA DOENÇA DE PAGET DA MAMA
Trabalho aprovado na Plataforma Brasil? Inserir número do CAAE.
31046314.5.0000.5437
Introdução
O tratamento cirúrgico do câncer de mama mudou radicalmente nas últimas duas décadas, com o aprimoramento das técnicas de mastectomia, de cirurgia conservadora e de preservação axilar. Do mesmo modo, a indicação da quimioterapia neoadjuvante aumentou as taxas da conservação da mama e, na indicação da mastectomia, a reconstrução imediata baseada em implantes ou até mesmo em retalhos miocutâneos, se tornou prática. Nesse contexto, surgiu a cirurgia oncoplástica da mama (COM), em que técnicas da cirurgia plástica foram adicionadas ao arsenal terapêutico do câncer de mama. Devido à localização central, a Doença de Paget da Mama (DPM), teve seu tratamento cirúrgico modificado com a COM, que permite diferentes opções técnicas. Entretanto, é desconhecido o espectro da COM na DPM, visto a raridade desta patologia, associado a necessidade de equipe com treinamento em COM. Os estudos associando COM com DPM são raros e com limitados número de pacientes.
Justificativa
São raros os estudos sobre a utilização das técnicas de cirurgia oncoplástica na DPM, e se esta poderia influenciar no prognóstico destas pacientes.
Objetivo
Avaliar o papel da cirurgia oncoplástica, sua segurança e eficácia na DPM
Métodos
Avaliou-se, por meio de estudo retrospectivo, pacientes portadoras de DPM atendidas em Hospital Oncológico Terciário no período de 2000 a 2021. As pacientes foram selecionados a partir da presença de Doença de Paget na peça cirúrgica da mama, baseado no banco de dados patológicos da Instituição. Com isso, foram avaliados em prontuários, os dados clinico-patológicos, cirúrgicos, bem como recorrência local e sobrevida. Procurou-se avaliar as situações relacionadas a realização das cirurgias e o seu impacto na recidiva local e sobrevida. Para tal, realizaram-se comparações entre os grupos através do qui-quadrado, Mann Whitney e Kaplan & Meier. Para avaliar o impacto das variáveis na realização da COM, realizou-se regressão logística. As diferenças foram consideradas significativas para valores de p < 0,05. IBM SPSS® for Mac® foi usado para coleta de dados, tabulação e todas as análises estatísticas.
Resultados
Foram avaliadas 85 pacientes. A COM foi realizada em 69.4% (n=59) e destas, 16 (27.2%) foram simetrizadas na mama contralateral, 23 pacientes (27.0%) foram submetidas à tratamento conservador, 73.0% à mastectomia, a maioria com a reconstrução imediata (54.8%), sendo a prótese a principal forma de reconstrução. Das pacientes inicialmente submetidas à mastectomia e não reconstruídas, uma necessitou do uso do músculo obliquo externo para fechamento cutâneo e quatro foram reconstruídas tardiamente. Assim, avaliando-se o grupo, o resultado final se dividiu entre tratamento conservador (27.0%), mastectomia com reconstrução (44.6%) e sem reconstrução (28.2%). Apesar do número limitado de casos em nosso estudo, este representa uma das maiores casuísticas utilizando a COM na DPM, sendo preferencialmente utilizada a técnica de Grisotti - "plug-flap" (n=20). Nossa casuística representa a maior série evidenciando o uso da reconstrução mamária na DPM, realizada de forma imediata em 54.8% (34/62) das mastectomias, preferencialmente com prótese e, em alguns casos selecionados com grande dorsal e prótese. A taxa de recorrência local é baixa, sendo de 5.6% nas pacientes submetidas à mastectomia e 13.2% naquelas submetidas a tratamento conservador. No período médio de seguimento de 71,2 ± 43,3 meses, todos os pacientes foram acompanhados (sem perda de seguimento), 81,2% (n=69) estão vivos sem doença, 1 (1,2%) tem metástase pulmonar, 10,6% (n=9) morreram devido à progressão da doença e 7,1% (n=6) morreram sem câncer. Quatro pacientes tiveram recidiva local, ocorrendo em pacientes submetidas à diferentes técnicas cirúrgicas. A sobrevida global aos 60 e 120 meses foi de 69,6% e 83.1%, respectivamente. Comparando-se as variáveis clínicas e patológicas a única que se associou a realização da COM foi a idade, em que pacientes na faixa de 40-49 estiveram associados a maior taxa de COM (p=0.002) e razão de risco de 3.22 [IC 3.39-184.50]. A COM não influenciou a recorrência local ou a sobrevida (p=0.132).
Conclusão
A COM aprimora a qualidade do tratamento cirúrgico na DPM, sem influenciar na recorrência local ou sobrevida. Para tal, faz-se necessário a seleção adequada do caso, com avaliação clinica e planejamento imagenológico, associado ao conhecimento das diversas técnicas de COM.
Caso seu trabalho já tenha sido publicado, informe a data de publicação e a revista:
FRONTIERS IN ONCOLOGY - DATA DA PUBLICAÇÃO 17/05/2023
Área
Mastologia
Instituições
FMB - UNESP - São Paulo - Brasil, HOSPITAL DE AMOR DE BARRETOS - São Paulo - Brasil
Autores
RAFAEL JOSÉ FÁBIO PELORCA, IDAM DE OLIVEIRA-JUNIOR, RENÉ ALOISIO DA COSTA VIEIRA