Dados do Trabalho
Título
DOENÇA DE MONDOR: RELATO DE CASO
Introdução / Justificativa
A doença de Mondor é uma afecção mamária rara e autolimitada. Caracteriza-se por uma tromboflebite de vasos superficiais da mama, com consequente formação de um cordão fibroso espessado na superfície mamária, causando retração da pele e dor no local do vaso afetado.
Relato de caso
Relatamos o caso de uma paciente do sexo feminino, 28 anos, com queixa de dor intensa na lateral da mama direita de início há 20 dias, sem alívio ao uso de analgésicos comuns e vitamina E. Antecedentes gineco-obstétricos: uma gestação com parto cesáreo há 6 anos, amamentou por cerca de 5 meses. História patológica pregressa: negava uso de anticoncepcional hormonal, etilismo, tabagismo e antecedentes de evento tromboembólico. Ao exame físico, notou-se a presença de cordão fibroso se estendendo desde a lateral da mama direita até a parede do hemiabdome superior. À ultrassonografia, observou-se formação tubuliforme de conteúdo anecoico, limites precisos e contornos regulares, a qual se estendia do quadrante superolateral ao inferolateral da mama acometida, medindo 8,0 cm. Esse aspecto foi compatível com doença de Mondor. Foi prescrito anti-inflamatório não esteroidal (AINE) por 15 dias, havendo melhora completa da apresentação clínica inicial.
Discussão
A doença de Mondor foi descrita pela primeira vez em 1939 como sendo uma “angiíte subcutânea” da mama. É uma entidade rara, de etiologia incerta, embora tenha sido associada com mais frequência a traumas locais, como cirurgia ou biópsia da mama, ou, ainda, a outros fatores, tais quais inflamações e infecções mamárias, câncer de mama, mamas volumosas e pendulares, distensões musculares locais, exercícios físicos vigorosos nas extremidades superiores, vestimenta apertadas e uso abusivo de drogas intravenosas. A maioria dos casos é unilateral, e os vasos mais afetados são as veias toracoepigástrica, torácica lateral e epigástrica superior. As principais manifestações clínicas são retração cutânea no trajeto do vaso acometido e dor mamária localizada. O tratamento é conservador com AINEs e aplicação de compressas mornas. A anticoagulação sistêmica com heparina de baixo peso molecular ou anticoagulantes administrados por via oral é recomendada apenas para pacientes de alto risco para eventos tromboembólicos.
Conclui-se que o conhecimento dessa rara afecção mamária é fundamental para o diagnóstico correto e manejo apropriado da paciente, tranquilizando-a em relação à benignidade e autolimitação do quadro.
Área
Mastologia
Instituições
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO - Espírito Santo - Brasil
Autores
JOCIELI LOCATELLI CERQUEIRA, JANINE MARTINS MACHADO, ELIAS BARCELOS DE SOUZA, DAMARIS VERSANI CALDEIRA GONÇALVES, SARA LOCATELLI CERQUEIRA