Congresso Brasileiro de Mastologia

Dados do Trabalho


Título

CAAE: 17491119.8.0000.0068

Trabalho aprovado na Plataforma Brasil? Inserir número do CAAE.

Tuberculose da mama ou mastite granulomatosa?



Descrição de 280 casos clínicos ambulatoriais e resultados preliminares com drogas antituberculostáticas em área endêmica, São Paulo, Brasil.


Introdução

A mastite granulomatosa (MG), diagnosticada por biópsia, representa menos de 3% das patologias benignas da mama. Sua importância está relacionada à necessidade de tratamento clínico com antibióticos e, eventualmente, cirurgia para diagnóstico e tratamento. No entanto, o procedimento cirúrgico pode levar à sequelas anatômicas pela fibrose e cicatrização subsequentes. Além disso, os tratamentos imunossupressores, frequentemente indicados para mastite granulomatosa idiopática (MGI), apresentam efeitos colaterais significativos, como obesidade, imunodepressão e transtornos mentais. Há diversas formas de mastite de rara etiologia, importantes no diagnóstico diferencial de nódulos mamários de malignidade, como a mastite crônica tuberculosa. 

Justificativa

Em países em desenvolvimento, como o Brasil, é essencial que o agente causador da tuberculose seja considerado, visto que é uma doença endêmica com potencial tratamento e não existem dados epidemiológicos sobre a mastite por tuberculose no país. Por isso, é imprescindível diferenciar os agentes etiologicos das mastites para a indicação de tratamento correto, uma vez que, apesar da baixa mortalidade e não ser de notificação compulsória, o tempo de doença é prolongado e as pacientes apresentam prejuízos às atividades diárias e trabalhistas devido as dores mamárias e articulares constantes. 

Objetivo

Descrever os resultados do acompanhamento  clínico e laboratorial das pacientes com mastite crônica  do ambulatório de infectologia e mastologia do Hospital das Clínicas de São Paulo, no período de 2012 a 2021. 

Métodos

No período de fevereiro de 2012 a setembro de 2022, 280 mulheres que procuraram o ambulatório com mastite há mais de 1 mês e não responderam ao tratamento antimicrobiano foram submetidas ao seguinte protocolo diagnóstico: 1) biópsia de mama com agulha grossa e/ou 2)  investigação microbiológico da na secreção papilar ou fístula mamária, utilizando o MGIT e Myco/F lytic system (BD®), e se positivo submeter à proteína MPT64 por imunocromatografia e/ou 3) DNA Real-time, reação em cadeia da polimerase para o complexo Mycobacterium tuberculosis (RT PCR-MTB) da Abbott®. Exames radiológicos, prova cutânea tuberculínica e QuantiFERON também foram solicitados.

Resultados

Dos pacientes, 277(99%) eram do sexo feminino e 165 (56%) brancos; a mediana de idade foi de 36,4 (IQR 30,4-41,7) anos e 12 (IQR 11-12) anos de escolaridade. O intervalo de tempo médio entre o início dos sintomas e o diagnóstico foi de 8 (IQR 4-23) meses. As apresentações clínicas incluíram nódulo mamário com abscessos fistulados em 210(76%) e em 77(27,9%) não havia sinal inflamatório. As pacientes declararam ter recebido antes da admissão em nosso ambulatório: antibióticos 247(90,5%), prednisona 113(42,3%), metotrexato 14(5,2%) além de terem sido submetidas a cirurgia de mama em 91(33,3%). A prova cutânea tuberculínica e o QuantiFERON foram positivos, respectivamente, em 83 (33%) e 41 (42%) pacientes. Os exames histopatológicos mostraram granuloma em 132 (64%) e histiocíticos/plasmocíticos em 61 (30%) casos. O resultado das mamografias, com BIRADS maior que 4, foi 27/83 (32,5%). Bacilos ácido-resistentes foram detectados em 10(4,4%) pacientes. RT PCR-MTB foi negativo em todos os 183 pacientes testados assim como as culturas em MGIT. Em contrapartida, 132 (73%) pacientes apresentaram proteína MPT64 por imunocromatografia após a inoculação de MYCO/F. De 193 pacientes submetidos a drogas antituberculostáticas (RIPE-Rifampicina+ isoniazida + pirazinamida + etambutol), durante um tempo de terapia de 12 (IQR 9-12) meses, a cura foi obtida respectivamente ao 9o, 12o e 18o mês para 159(85%), 173(93%) e 181(96,7) dos pacientes. Sete pacientes abandonaram o tratamento. Durante  o tratamento mais prolongado, as quinolonas foram associadas.  

Conclusão

 Nesta amostra, a resposta ao tratamento com drogas antituberculostáticas apresentou mais de 90% e melhora  qualidade de vida.

Área

Mastologia

Instituições

HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO PAULO - São Paulo - Brasil

Autores

ISABELLE VERA VICHR NISIDA, THAIS SR DI GIOIA , JOSÉ ROBERTO FILASSI, FLÁVIA ROSSI, CARLOS ALBERTO RUIZ