Congresso Brasileiro de Mastologia

Dados do Trabalho


Título

IMPACTO DO INDICE DE MASSA CORPOREA (IMC) NA SOBREVIDA DE MULHERES COM CANCER DE MAMA (CM) QUE ATINGIRAM RESPOSTA PATOLOGICA COMPLETA APOS QUIMIOTERAPIA NEOADJUVANTE (QTNEO) NO BRASIL, DADOS DE VIDA REAL

Trabalho aprovado na Plataforma Brasil? Inserir número do CAAE.

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Introdução

O CM faz-se altamente prevalente no mundo com taxa de mortalidade significativa apesar dos avanços nas terapias sistêmicas. Obesidade aumenta o risco deste câncer na pós menopausa e, inclusive, deve afetar seu prognóstico em todas as idades, além de elevar taxas para outras doenças crônicas como hipertensão arterial, infarto, acidente vascular cerebral e síndrome metabólica. Mulheres com síndrome metabólica têm mais risco de CM na pós menopausa e de doenças cardiovasculares, inclusive, com chance igual ou maior de morrer por essa última causa senão pelo próprio câncer. 

Justificativa

Apenas 5% das pacientes com CM participam de estudos clínicos e, neste contexto, dados de vida real são fundamentais para avaliação de desfechos.

Objetivo

Avaliar impacto do IMC nas sobrevidas global (SG) e livre (SL) de mulheres brasileiras com CM avançado submetidas à QTneo que alcançaram resposta patológica completa (RPc).

Métodos

Estudo retrospectivo, aprovado no comitê de ética, avaliou mulheres com CM no Hospital Pérola Byington (HPB), entre janeiro/2011 e maio/2020. Incluiu-se estádios I a III, idade ≥18 anos, que realizaram QTneo e com dados completos nos registros. Categorizadas segundo definição da Organização Mundial da Saúde (OMS): IMC 18,5 a <25 kg/m2: normal; IMC 25 a <30 kg/m2: sobrepeso; IMC ≥30kg/m2: obesidade.  RPc foi definida como ausência de tumor invasivo mamário e axilar. Realizou-se teste t ou teste qui-quadrado para analisar individualmente associação de cada variável entre grupos com e sem RPc. Análises univariadas e multivariadas, para calcular odds ratio (OR) e intervalos de confiança de 95% (IC) das variáveis independentes IMC, idade, estádio clínico, subtipo molecular, correlacionadas à RPc sendo valor de p <0,05 como estatisticamente significativo.

Resultados

Incluiu-se na análise 1.481 pacientes, idade média 50 anos e IMC médio de 28,08. A maioria das pacientes estavam no estádio III (68,1%) ao diagnóstico e apresentavam tipo histológico de carcinoma invasivo sem outra especificação (95,2%). Identificamos 12.5% de Luminal A, 31% de Luminal B, 25.4% de HER 2 e 31.1% de Triplo negativo, não houve diferença estatística em relação às diversas categorias de IMC. Após QTneo, 1.138 (76.84%) apresentaram doença residual e 343 (23.16%) RPc. Não houve diferença estatística em relação aos grupos de IMC e SG (p=0.26) nem à SLD (p=0.22). A taxa de SG foi de 85,4% em 10 anos. A sobrevida mediana foi de 102 meses para peso normal, 99 meses para sobrepeso e 101 meses para obesas. Foi estatisticamente significativa a associação dos tipos mais agressivos de câncer como preditores de RPc (Luminal B: p=0.019; HER 2: p<0.001; Triplo negativo: p<0.001, em relação ao Luminal A). Em relação ao número de óbitos, do total de 1458 mulheres da amostra, houve 283 óbitos sendo apenas 60 relacionados ao CM, totalizando 4,1% das mulheres submetidas a QTneo.  

Conclusão

Este estudo não mostrou interferência do IMC na SG e/ou SLD de mulheres brasileiras com CM submetidas à QTneo. A taxa de pCR foi de 23.16%, lembrando que no sistema único de saúde não se tem acesso a terapias como duplo bloqueio e imunoterapia. Apesar de não gerar impacto na sobrevida, a maioria das mulheres encontravam-se no sobrepeso ou obesidade (69%), mostrando a frequência da obesidade nas brasileiras, devendo ser entendida como problema de saúde pública no país.  

Área

Mastologia

Instituições

Hospital do Servidor Público Estadual - São Paulo - Brasil, Hospital Pérola Byington - São Paulo - Brasil

Autores

FERNANDA GRACE BAUK RICHTER, ANDRE MATTAR, MARCELO ANTONINI, JULIANA MONTE REAL, LUIS HENRIQUE GEBRIM